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Em Rondônia, informações simples, como local, data e disponibilidade de vacinas, são de difícil acesso ao cidadão
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Apesar da falha dos canais oficiais, pesquisador percebe discurso de culpabilização exclusiva da família e do usuário do SUS
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Falta de combate à desinformação e ausência de transparência contribuem para cenário preocupante de queda na imunização
A ausência de uma comunicação oficial eficaz contribui para quedas preocupantes na cobertura vacinal, que têm como consequência a exposição de crianças a doenças graves que já haviam sido erradicadas no país. Pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) analisaram sites e redes sociais oficiais do estado e concluíram que o acesso à vacinação é dificultado pela falta de informação básica e acessível, como local e horário para vacinação e disponibilidade de vacinas, além da falta de atendimento telefônico. As conclusões estão em relatório antecipado à Bori lançado na sexta-feira (10).
A partir dos baixos índices de imunização de Rondônia, estado em que a maioria dos municípios não consegue atender o básico de vacinações, os pesquisadores analisaram a relação entre desinformação, indisponibilidade de dados públicos e escassez de transparência pública na saúde. “Passamos, com os levantamentos, a perceber a escassez parcial ou total de uma comunicação pública, propositiva e até mesmo mais básica sobre vacinação, sua importância, necessidade, efetividade e biossegurança”, conta o coordenador do estudo, Vinicius Valentin Raduan Miguel.
Em 2020, um terço das crianças rondonienses não havia sido imunizada contra a poliomielite, doença grave que pode provocar paralisia e tem a vacina como única forma de prevenção. Apesar da falha do Estado em garantir a efetividade do direito à saúde de crianças e adolescentes, Miguel conta que o grupo percebeu um discurso corrente que atribui culpa exclusiva à família ou ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) para a queda de vacinação. “Não se ignora a emergência de movimentos antivacina e anticiência, mas o nosso olhar era de que isso, por si só, era insuficiente para explicar a queda da cobertura vacinal como um todo”, explica o pesquisador.
O coordenador do estudo aponta que o poder público precisa apresentar uma reação enérgica contra os movimentos antivacina, além de retomar canais de comunicação com a sociedade sobre riscos e prevenção. “Os municípios, estados e mecanismos de vigilância sanitária precisam facilitar a informação básica e prática. Percebe-se que há uma lacuna enorme de dados sobre calendário vacinal, onde tomar vacinas e mesmo horários de funcionamento das unidades.” Também é importante informar sobre a disponibilidade de vacinas: muitas vezes, o cidadão se desloca até a unidade de saúde e é informado sobre a falta, volta para casa e não recebe mais informações quando ocorre o abastecimento.
Neste contexto, Miguel complementa que o Estado deixa de aproveitar as muitas possibilidades de facilitar o cotidiano do cidadão. “Mecanismos como disponibilizar local e horário de atendimento ou mesmo desenvolver mecanismos de alerta (como SMS ou mensagem de WhatsApp) para que responsáveis levem as crianças para vacinação ou usar modos de agendamento da vacinação que o usuário pudesse também identificar o local e horário mais conveniente e próximo de sua residência”, aponta o autor.
Fonte: Agência Bori