Apenas 33% das startups brasileiras atingem escala de mercado, aponta estudo da Abstartups

Créditos: PixaBay/Banco de Imagens

Dados da Associação Brasileira de Startups revelam que dois terços das empresas de base tecnológica no país encerram as operações nos primeiros anos de atividade, sem alcançar sustentabilidade financeira. O levantamento mostra que 67% das startups não superam a fase de validação do produto, refletindo desafios estruturais do ecossistema de inovação nacional.

Estudos internacionais da CB Insights complementam o diagnóstico, identificando as principais causas de falência: 38% das startups fecham por problemas de gestão de caixa, enquanto 35% fracassam devido à falta de demanda consistente no mercado.

Os três pilares para escapar da estatística
Marilucia Silva Pertile, cofundadora da Start Growth e mentora de startups SaaS, identifica os fatores críticos para o sucesso:

  1. Gestão financeira sólida – Controle rigoroso de caixa, monitoramento de burn rate e previsões de capital precisas

  2. Máquina de vendas estruturada – Funil de conversão definido, equipe comercial dedicada e metas de tração mensuráveis

  3. Operação consistente – Processos organizados, documentação preparada para due diligence e visão de longo prazo

O critério dos investidores
A especialista ressalta que investidores estão cada vez mais focados em indicadores concretos: “O pitch abre a conversa, mas o que mantém o interesse é a consistência do modelo e a capacidade de execução”. Métricas como CAC (Custo de Aquisição de Clientes), LTV (Lifetime Value) e churn rate tornaram-se indispensáveis para captação de recursos.

Desafio brasileiro
Enquanto no mercado internacional startups validadas encontram ecossistemas preparados para financiar a escalação, no Brasil o funil de investimento é mais restrito. “Validar o produto é só o começo. O que sustenta a escalada é gestão, máquina de vendas e estrutura de operação”, afirma Marilucia.

Setores como fintechs, healthtechs, edtechs, martechs e agtechs continuam atraindo maior interesse de investidores, mas o perfil do fundador é igualmente crucial: líderes resilientes, apaixonados pelo problema que resolvem e com capacidade de equilibrar visão estratégica com execução disciplinada.

O futuro do ecossistema de startups brasileiro dependerá da transição do improviso para a disciplina, com empresas que transformem dados em vantagem competitiva e mantenham sustentabilidade financeira desde os estágios iniciais.