A pressão alta é uma das principais causas de mortalidade no mundo todo e pode ser agravada por fatores como obesidade, sedentarismo, tabagismo e estresse
Segundo especialistas, a obesidade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão e de outras doenças, como diabetes, asma, dor de cabeça, problemas ortopédicos, aumento do colesterol, além de estar relacionada a 13 tipos de câncer.
No Brasil, atualmente, existem cerca de 41 milhões de pessoas acima de 18 anos com obesidade, correspondendo a 26% da população. Um estudo publicado pela World Obesity Federation (WOF) em março deste ano traz o dado de que em 2035 a previsão é de que os brasileiros com obesidade sejam 41% da população. A previsão divulgada no mesmo mês em 2022 apontava 29,7% de adultos com obesidade no Brasil em 2030, o que já corresponde a cerca de 47 milhões de brasileiros.
A hipertensão é uma das consequências da obesidade e está entre as doenças mais prevalentes no Brasil. Ela mata cerca de 300 mil brasileiros por ano, o que equivale a 820 mortes por dia, 30 por hora ou uma pessoa a cada 2 minutos. Os pacientes com hipertensão representam 32% da população adulta brasileira, ou seja, 36 milhões de indivíduos. Desse número, apenas 50% têm conhecimento de que têm hipertensão e, deste total, apenas metade realiza tratamento.
“Em termos de alimentação, é importante reduzir o consumo de alimentos com muito sal, como os industrializados, temperos prontos, molhos de salada, embutidos, etc. Importante também evitar o saleiro na mesa e evitar o uso de muito sal na comida. O sal deve ser utilizado com bastante restrição, preferindo sempre os temperos naturais e ervas”, explica a Dra. Andrea Pereira, médica nutróloga do hospital Albert Einstein e cofundadora da ONG Obesidade Brasil.
Segundo dados de um relatório publicado pelo Ministério da Saúde em 2022, o número de adultos com diagnóstico médico de hipertensão aumentou 3,7% em 15 anos no Brasil. Os índices saíram de 22,6% em 2006 para 26,3% em 2021. A publicação mostra ainda um aumento na prevalência do indicador entre os homens, variando 5,9% para mais.
Além das medidas tomadas para prevenir a hipertensão e tratá-la, como parar de fumar, aderir a um estilo de vida saudável com dietas equilibradas, consumo moderado de álcool e prática regular de atividade física, a cirurgia bariátrica é um caminho para a diminuição da pressão arterial.
O estudo Gateway, publicado na revista Annals of Internal Medicine, mostrou que a cirurgia bariátrica teve um efeito promissor no controle da hipertensão em pacientes com obesidade após 3 anos de seguimento. 35% dos pacientes submetidos à cirurgia apresentaram remissão da hipertensão, ou seja, ficaram com a pressão controlada sem o uso de medicamentos. Além destes, em torno de 40% dos pacientes operados conseguiram reduzir o número de medicamentos para hipertensão.
“Nosso estudo demonstrou pela primeira vez o papel da cirurgia bariátrica no controle da hipertensão em pacientes com obesidade quando comparado ao tratamento clínico isoladamente”, conclui o médico cirurgião bariátrico Dr. Carlos Schiavon, coordenador do estudo e coordenador de Ensino e Pesquisa do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.