Programa da OPAS visa melhorar aceitação da vacina Covid-19 para pessoas com deficiência

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Foto: OPAS

Pessoas com deficiência podem ser mais vulneráveis ao vírus que causa a Covid-19, além disso, esse grupo tem mais dificuldades para se vacinar. Sendo assim, Programa da OPAS visa melhorar a aceitação dessas pessoas

Estima-se que nas Américas, 150 milhões de pessoas, cerca de 15% da população total, convivem com algum tipo de deficiência. Esse público, de acordo com a pesquisa, tem uma menor probabilidade de receber a vacina contra a Covid-19 do que a população em geral, e as razões são diversas, como a falta de informações e a limitação física.

“A pandemia de Covid-19 atingiu a comunidade de deficientes mais do que a maioria em termos de mortes e impactos sociais mais amplos – e iluminou as barreiras que a comunidade enfrenta apenas para ser vacinada”, disse Antony Duttine, assessor para deficiência e reabilitação da OPAS.

As pessoas com deficiência podem apresentar condições de saúde subjacentes que as tornam mais vulneráveis a covid-19, além da possibilidade de complicações provocadas pelo vírus. Sendo assim, a vacinação se torna uma estratégia fundamental.
Dentro deste contexto, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) desenvolveu um projeto piloto em vários países para melhorar o acesso à vacinação.

O projeto da OPAS

O projeto em andamento começou em maio de 2022, com a OPAS atuando como intermediário para facilitar o diálogo entre autoridades regionais de saúde e comunidades de pessoas com deficiência. O piloto decolou no Panamá, seguido por Trinidad e Tobago e foi estendido para outros seis países do Caribe: Bahamas, Barbados, Santa Lúcia, Granada, Dominica e República Dominicana.
O mantra do movimento de desenvolvimento da deficiência, “nada sobre nós sem nós”, orientou a concepção do projeto, disse Duttine, fisioterapeuta de formação que trabalha para fortalecer a equidade em saúde entre esse grupo.

Como primeiro passo, a OPAS criou um questionário eletrônico em inglês e espanhol para ouvir diretamente as pessoas com deficiência nos países piloto sobre suas dificuldades, medos e necessidades. Os resultados ajudaram a compreender melhor os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência nas Américas.

A OPAS constatou que os materiais públicos de informação e comunicação sobre a Covid-19 não estavam em formatos acessíveis. Isso incluiu, por exemplo, vídeos sem legendas ocultas ou interpretação de linguagem de sinais para pessoas surdas ou com deficiência auditiva.

Para pessoas cegas ou com baixa visão, os materiais careciam de sinalização, opções de áudio, letras grandes, braille e texto alternativo (descrevendo brevemente o conteúdo visual). E para aqueles com deficiências cognitivas ou intelectuais, havia falta de versões de materiais de fácil leitura (texto mais simples).

“Sem essas informações básicas, era impossível para as pessoas com deficiência tomar uma decisão informada”, disse Julia Ribeiro, consultora de vacinas e inclusão de deficiência no Caribe da OPAS com sede em Trinidad e Tobago.

Ribeiro, que tem perda auditiva severa a profunda desde o nascimento, foi capaz de fornecer informações únicas sobre as necessidades das pessoas com deficiência e suas dificuldades no acesso à saúde. Ela citou, por exemplo, a dificuldade dos surdos em acessar atendimento e informações de saúde durante a pandemia – quando todos usavam máscaras – impossibilitando a leitura labial e a comunicação sem a língua de sinais.

O exercício encontrou semelhanças no Caribe e na América Latina. Os resultados do questionário foram discutidos em várias reuniões virtuais, nas quais líderes com deficiência compartilharam ideias diretamente com o setor de saúde sobre como aumentar a aceitação das vacinas contra a Covid-19 em suas comunidades.

A OPAS está desenvolvendo um curso de treinamento on-line destinado a planejadores e implementadores de vacinas para orientá-los sobre como tornar os serviços de vacinação inclusivos e acessíveis. A OPAS também criou uma playlist internacional de sinais em seu canal do YouTube para aumentar o acesso à informação para as comunidades surdas.

“O que começou como uma crise abriu as portas da oportunidade para nós e chamou a atenção para as barreiras que a comunidade de deficientes enfrenta no acesso à saúde”, disse Duttine. “Com esse esforço, esperamos que mais pessoas se sintam empoderadas para buscar os serviços de saúde e a vacina contra a Covid-19.”

 

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