Territórios Sonoros promove encontros inéditos das Culturas de Rua com as Culturas de Terreiro

RAPadura Xique- Chico. Foto: de Lirys Catharina

A programação que acontece na Praça dos Orixás conta com encontros culturais, feira gastronômica, artesanato, espaço Erê e celebração sagrada

Em pleno inverno afrocandango, a 2ª edição do projeto que proporciona a inesperada união entre as batidas eletrônicas dos Samplers e Remixes com os tambores ancestrais do Afoxé, do Coco, da Capoeira e do Samba, ocupa a Praça dos Orixás, território cultural tombado como patrimônio imaterial do DF. O Festival Territórios Sonoros acontece no próximo sábado, 01/07, a partir das 12h, com entrada gratuita e classificação livre.

Consolidando a proposta da 1ª edição, ocorrida virtualmente, em 2021, ainda durante o período pandêmico e disponível no canal da Rosa dos Ventos, Instituto idealizador do projeto, o festival mantém a proposta de promover encontros memoráveis e inéditos entre tradição e juventude. Assim, Mestras e Mestres da Cultura Popular de Terreiro, como Martinha do Coco, compartilham os palcos com poetas de Rap e Hip Hop, como RAPadura Xique e GOG, repaginando as clássicas batalhas de versos, em um reencontro de raízes afro-brasileiras.

Em sua mais nova edição, o Territórios Sonoros traz na direção artística do projeto duas mulheres protagonistas e atuantes das culturas populares do DF: Stéffanie Oliveira, presidente da Rosa, e Lirys Catharina.

O festival, realizado pelo Instituto Rosa do Ventos e produzido pela Odoyá Produções, integra o Circuito Candango De Culturas Populares, e conta com fomento da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal e do Governo do Distrito Federal.

Homenagem ao Orixá Guerreiro

Em 2023, a realização deste grande e inédito encontro de sons, batidas e ritmos em território sagrado traz também uma importante homenagem e celebração a Ogum, Orixá Guerreiro, lutador e defensor da justiça e da ordem, que teve sua imagem incendiada em agosto de 2021, na Praça.

Segundo Stéffanie, o Festival enaltece a herança transmitida oralmente por candangas e candangos desde a construção da capital, além de exaltar as referências das matrizes africanas no Rap e Hip Hop.

“Pedindo proteção ao Orixá Guerreiro, o projeto convida artistas locais e nacionais a protagonizarem a força das periferias brasileiras em um território cultural tão simbólico para o povo de terreiro. Neste grande encontro vamos mostrar que por mais que pareçam diferentes e talvez até distantes do Afoxé, do Coco e do Samba, que no imaginário popular tem uma relação bastante direta com a cultura afro, o Rap e o Hip Hop também trazem em suas batidas e composições importantes influências da cultura de matriz africana. A começar pelo movimento de resistência e denúncia social que contextualizam essas manifestações culturais.”

De acordo com Lirys, “quando as manifestações populares vão para a rua em um projeto como o Territórios Sonoros, Mestres, Mestras além dos grupos musicais e culturais que se apresentam utilizam diversas linguagens artísticas e permissões sagradas para transmitir saberes populares de terreiro ao público. ”

Abertura sagrada e presenças ilustres

Os trabalhos do Territórios Sonoros serão abertos no início da tarde, às 12h, sob a bênção do sumo sacerdote nigeriano de Ifa da cidade de Ilobu, estado de Osun, Àràbà Ifaniyi Alade Ojo. De acordo com Ìdòwú Akínrúlí (NIG), responsável pela vinda do Araba para o Brasil, a ilustre presença contribui para o estreitamento de elos histórico-culturais entre Brasil, Nigéria e o povo Yorùbá.

“Àràbà é a autoridade máxima do culto de Ifá, a presença e participação do sacerdote fortalece o movimento do povo das tradições de matrizes africanas não apenas em Brasília, mas em todo o país, trazendo o axé do povo Yorùbá e compartilhando o conhecimento através da dança, do canto e de rituais sagrados”, Ìdòwú Akínrúlí (Akin).

Em seguida, às 13h, dando continuidade aos rituais e saudação a Ogum, representantes do poder feminino nas tradições afrocandangas, o Coletivo de Yás do DF e Entorno, realiza duas rodas sagradas — de Umbanda e Candomblé. E, na sequência, às 14h, o público poderá desfrutar da Feijoada de Ogum, abençoada pelo Àràbà Ifaniyi Alade Ojo e pelas Yás e acompanhada de Sambas para Jorge com DJ Thiago Raíz.

Confira a programação completa – 1º de julho

  • 12h -Abertura do evento com Àràbà Ifaniyi Alade Ojo (NIG)

  • 13h – Coletivo das Yás (DF): Roda de Umbanda e Roda de Candomblé

  • 14h – O Feijão de Ogum com Sambas Para Jorge – DJ Thiago Raiz

  • 15h – Afoxé Ogum Pá (DF) + GOG (DF). Vestidos com as roupas e as armas de Jorge!

  • 16h – Cypher para Ogum – MCs Layo e Lis Martins + Bando Matilha Capoeira (DF). Sua coroa de ouro é Mariô!

  • 17h – Kirá (DF) + Coco dos Encantados (DF). Besouro, Cordão de Ouro!

  • 19h – Prethaís (DF) + Mestra Martinha do Coco (DF) + RAPadura Xique- Chico (DF). Escudeiro fiel e mensageiro

Espaço Erê – 12h às 15h:

Oficinas e Pintura (a partir de 1 ano de idade com acompanhamento de responsável):

  • Oficinas de Arte e Criação (1 a 4 anos);

  • Oficina de Confecção de Bonecas Abayomi (4 a 10 anos);

  • Oficina de criação de Patuá de Proteção (4 a 10 anos);

  • Pinturas de rosto Afro (livre).

Circuito de Brincadeiras Afro-brasileiras (4 a 12 anos):

  • Banyoka (Zaire e Zâmbia);

  • Da Ga (Nigéria);

  • Terra Mar (Moçambique);

  • Pombo (Gana);

  • Matacuzana (Moçambique);

A partir das 11h – Feira Gastronômica e Feira de Artesanato.

Serviço: Territórios Sonoros — Ogunhê!

Data: 1º de julho.

Horário: a partir das 12h

Local: Praça dos Orixás

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