
A Câmara dos Deputados derrubou o decreto do governo federal que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), uma medida proposta pela equipe econômica do ministro Fernando Haddad. A decisão, tomada na quarta-feira (26), expôs a fragilidade da base governista no Congresso e gerou repercussão política, com críticas da oposição e a possibilidade de judicialização no STF.
O cientista político da ESPM, Paulo Ramirez, analisa as contradições do cenário. Ele destaca que, enquanto os parlamentares rejeitaram o aumento de impostos, aprovaram a expansão do número de deputados de 513 para 531, elevando os gastos públicos. “Isso revela uma profunda incoerência e a incapacidade do Congresso, hoje majoritariamente influenciado pela extrema-direita e pelo centrão, de manter qualquer conexão com a realidade social brasileira”, afirma.
Ramirez avalia que a decisão do Legislativo aprofunda o desalinhamento entre os Poderes e prejudica o ajuste fiscal proposto pelo governo. “É um Congresso que privilegia os mais ricos, evita tributar esse grupo e não oferece contrapartidas às propostas de redução do déficit. A ampliação do número de deputados não traz ganhos qualitativos para o país, apenas beneficia setores já privilegiados, mostrando o distanciamento da maioria parlamentar das necessidades reais da população”, conclui.