Pesquisa constata que uma bicicleta retira até 52 passageiros por mês do transporte público

Foto: Pexels

O setor de transportes é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no Brasil, responsável por 16% das emissões em 2022, segundo o relatório Net Zero Readiness Report 2023, da KPMG. Diante desse cenário, a busca por alternativas sustentáveis ganha urgência, e a bicicleta surge como uma solução eficaz. Uma pesquisa realizada por especialistas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) revelou que cada nova bicicleta em circulação em Curitiba reduz em até 52 o número de passageiros mensais no transporte público.

O estudo, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisas em Cidade Digital Estratégica do CNPq, analisou dados de uma década (2010 a 2019) e identificou que o aumento no uso de bicicletas está diretamente relacionado a reajustes nas tarifas de ônibus e nos preços dos combustíveis. A cada R$ 0,10 de aumento na passagem, 1.068 bicicletas a mais passam a circular na cidade. Da mesma forma, um aumento de R$ 0,10 no litro da gasolina ou do diesel eleva em 1.520 o número de bicicletas em uso. Além disso, a expansão da malha cicloviária também influencia: cada quilômetro adicional de ciclovias implantado resulta em 333 bicicletas a mais nas ruas.

Outro dado relevante é que quem troca o ônibus pela bicicleta dificilmente retorna ao transporte coletivo, exceto em condições climáticas extremas, como temperaturas muito altas ou baixas e dias de chuva intensa.

A pesquisa também comparou o impacto de outros modais. Enquanto cada carro novo reduz em 25 o número de passageiros mensais no transporte público, as motocicletas têm um efeito ainda maior, com uma perda de 201 usuários.

Luis André Fumagalli, pós-doutor em Gestão Urbana pela PUCPR e um dos autores do estudo, destaca que as bicicletas estão absorvendo uma parcela significativa dos passageiros do transporte público. Ele ressalta que a prefeitura de Curitiba tem contribuído para essa tendência com investimentos em infraestrutura cicloviária, sistemas de compartilhamento de bicicletas elétricas e bicicletários no centro da cidade.

Os resultados do estudo podem auxiliar gestores públicos no planejamento de políticas de mobilidade urbana, especialmente em um contexto em que a queda na demanda pelo transporte coletivo reduz a receita das operadoras e encarece as tarifas, prejudicando principalmente quem depende exclusivamente desse meio de locomoção. A pesquisa reforça a importância de integrar a bicicleta como parte essencial da matriz de transporte sustentável, contribuindo para a redução de emissões e a melhoria da qualidade de vida nas cidades.

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