Fogos de artifício sem barulho: OAB/DF lança campanha de conscientização

Réveillon, artifício
Créditos: Gabriel Monteiro/Secom

Festa para uns e preocupação para outros: o drama dos barulhos de rojões e fogos de artifício

A Copa do Mundo e as Festas de Fim de Ano são um convite para eles: os fogos de artifício. Por outro lado, o show nos céus representa uma preocupação importante no chão. O barulho provocado pelos fogos podem gerar sofrimento para animais e pessoas com autismo.

Com essa preocupação, a Ordem dos Advogados (OAB) seccional do Distrito Federal (DF) lança a campanha de conscientização “Diga não aos rojões e fogos de artifício com barulho”.

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) sofrem com essa forma de comemoração por terem uma hipersensibilidade aos ruídos, o que faz com que esses barulhos gerem uma sobrecarga aos sentidos, ao mesmo tempo ocasionando crises de ansiedade, pânico, e instabilidade emocional e comportamental.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB/DF, Edilson Barbosa, explica como os estampidos prejudicam o autista. “Os fogos e rojões fazem com que o autista não tenha qualidade de vida, ficando nervoso e até praticando a automutilação. Por isso, quem pensava em soltar fogos e rojões nessas festividades reflita, não queira ser a pessoa que vai causar esse sofrimento aos outros. Que tenham compaixão, que se coloquem no lugar do autista que tem hipersensibilidade aos sons. É possível celebrar de diversas maneiras sem prejudicar o próximo.”

Animais também sofrem com o barulho

Os animais também são afetados pelos barulhos dos fogos e rojões. Alguns podem tentar fugir, ou podem ainda, com pânico, sofrer com paradas cardiorrespiratórias.

A vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais, Ana Paula Vasconcelos, endossa que a soltura de fogos e rojões com barulho é altamente prejudicial. Não apenas os autistas e os animais sofrem, mas todos os que acompanham o sofrimento de seus entes queridos e as consequências emocionais, físicas e até financeiras em razão de gastos médicos e veterinários.

“É quase incalculável o prejuízo gerado. Inúmeras famílias, tutores de animais não saem para comemorar as festas e vitória de seus times. São obrigadas a estar em casa ao lado dos seus familiares vulneráveis e pets para evitar que eles se machuquem, fujam e até morram. Enquanto alguns se divertem com os estrondos dos fogos e rojões, um grupo muito maior perde a paz e até a vida. Não faz sentido isso continuar sendo permitido.”

Ana Paula também atua na proteção animal, e em sua trajetória já resgatou centenas de animais. Um deles foi vítima dos fogos na noite de natal de 2020. “Eu cuidava de um cãozinho há quase dez anos. Ele morreu de maneira trágica ao tentar fugir por causa do desespero causado pelo barulho dos fogos. Cheguei em casa na noite de natal e ele estava preso na grade da janela, todo ensanguentado. Cheguei a levá-lo ao veterinário, mas infelizmente ele veio a óbito.”

Ela completa fazendo um apelo à sociedade: “A gente clama para a população se conscientizar, que busque maneiras alternativas de celebrar preservando a paz social. É importante pensar no outro, naqueles em situação vulnerável como as pessoas com deficiência, os animais e os acamados. Há muitos conflitos com vizinhos em razão desses transtornos dos fogos e rojões, além de acidentes que costumam acontecer ao manusear esses artefatos. Não tem nada de bom nessa prática de soltura de fogos e rojões com estampidos.”

Para evitar que acidentes com os pets ocorram, aqui vão algumas dicas para os tutores:

  • Não deixar o animal preso a correntes, isso pode causar até enforcamento, como em muitos casos acontecem quando o bichinho se enrola na própria corrente ou tenta pular o muro;
  • Não deixar o animal em ambientes com janelas abertas, mesmo tendo grades. O animal pode tentar pular e acabar caindo ou ficando preso na grade;
  • Não deixar o animal sozinho e trancado durante os estrondos, isso só reforça o medo e a associação do barulho a algo ruim. Há também o risco de o animal passar mal sem ninguém para socorrê-lo;
  • Jamais brigar com o animal, ele não tem culpa de sentir medo. Invés disso, oferecer carinho e petiscos para que ele associe o barulho a algo bom;
  • Hoje em dia, há playlists musicais direcionadas aos animais e apropriadas para a audição aguçada deles, para amenizar esse momento de tensão. É recomendável que durante esses episódios, os tutores deixem o som mais em evidência para que camufle, o máximo possível, os sons de fora. Se não for possível, pelo menos deixar o som da tv mais alto para ele não se prender somente ao som da rua;
  • Não deixar portas e janelas abertas que possibilitem acesso à rua. Muitos animais fogem e acabam se perdendo, sendo atropelados e ficando vulneráveis a todo tipo de perigo da rua;
  • Em casos de acidente ou mal estar mais acentuado, levar o animal imediatamente ao veterinário;
  • E sempre deixar seu animal com coleira e plaquinha de identificação contendo o nome do pet e o contato do tutor. Se mesmo com todos os cuidados ainda ocorrer uma fuga, a identificação poderá ser decisiva para que o tutor recupere o seu bichinho.
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