O anúncio da Petrobras sobre o fim da paridade internacional do petróleo e a nova política de preços traz algumas dimensões, mas a primeira delas é que quanto mais flexível os preços melhores acomodações do ponto de vista da empresa.
Segundo a economista e professora de Economia da ESPM, Cristina Helena de Mello, o que a Petrobras fez foi introduzir duas lógicas de precificação, perdendo o que era considerado uma rigidez e atendia os critérios do mercado mundial. “A companhia não abandona aquela referência que está alinhada com os preços praticados internacionalmente e, desta forma, atende os seus interesses. Com isso, deixa de utilizar, como no passado, os preços praticados de combustíveis como instrumento de política econômica para combater a inflação”.
A especialista destaca que a Petrobras está inserindo três regras novas: o fim à política de Preço de Paridade de Importação (PPI); introdução da brasilidade na política de preços, pois não só olhar a lógica internacional, mas olhar a lógica doméstica; e acompanhar o preço dos produtos substitutos que competem diretamente com petróleo, como o álcool.
“Do ponto de vista do consumidor final, a decisão entre um tipo de combustível e outro se fará pelo preço e pelo lado da economia. Carros a álcool sempre consumiram mais litros do que os a gasolina. A flexibilidade trará impacto muito positivo na cesta de consumo das famílias, pois a maior parte do transporte das mercadorias no Brasil é feita através do uso de transporte com combustível fóssil, então o menor custo de transporte pode ter impacto no preço final também da cesta básica do cidadão”, explica Mello, prosseguindo: “menores preços são sempre comemorados e significam aquecimento da economia, aumento do poder de compra e bem-estar da população”, conclui.