
O cultivo do alho, uma das hortaliças de maior valor agregado no Brasil, está encontrando na biotecnologia um aliado estratégico para aumentar a eficiência, a sanidade e a rentabilidade. Com uma área plantada de aproximadamente 13 mil hectares e uma produção média de 172 mil toneladas, a cultura demanda investimentos elevados, mas o retorno pode ser proporcional, com faturamentos que superam R$ 360 mil por hectare em sistemas tecnificados.
De acordo com Luiz Fernando Ribeiro, engenheiro agrônomo e coordenador da Superbac, o perfil do produtor de alho é altamente técnico, sempre em busca de ferramentas que garantam assertividade e segurança no manejo. “Quando oferecemos soluções biotecnológicas que otimizam a nutrição e protegem a planta, geramos valor real”, afirma.
Um dos principais desafios da cultura é o elevado consumo de fertilizantes, especialmente nitrogênio, que pode chegar a ser dez vezes maior por hectare comparado a culturas como a soja. Embora essencial para o desenvolvimento foliar, o excesso desse nutriente pode tornar as plantas mais suscetíveis a doenças. Outros obstáculos incluem a dependência de insumos importados, a sensibilidade a patógenos e a necessidade de irrigação constante, comum nas principais regiões produtoras, como o Cerrado Mineiro, Cristalina (GO) e o Sul do país.
Doenças como as bacterioses foliares e a raiz rosada também preocupam, pois atacam o sistema radicular e reduzem drasticamente o potencial produtivo. É nesse cenário que bioinsumos, como fertilizantes biotecnológicos e biodefensivos, ganham espaço como ferramentas estratégicas.
Resultados de campo com produtos à base de bactérias do gênero Bacillus têm mostrado ganhos expressivos. Essas soluções atuam na solubilização de nutrientes, aumentam a eficiência do uso do nitrogênio e estimulam o enraizamento. Na defesa, elas formam um biofilme protetor ao redor das raízes, criando uma barreira contra nematoides e doenças.
Os efeitos se traduzem em números concretos: áreas tratadas reportaram maior retenção foliar e incrementos de produtividade de até 700 kg por hectare, o que pode significar cerca de R$ 12,6 mil a mais de receita por hectare. “Cada folha preservada representa de 9% a 15% a mais de produção. Prolongar a vida folhar resulta em maior acúmulo de fotoassimilados e mais rendimento”, explica Ribeiro.
Além do impacto direto na lavoura, a biotecnologia contribui para a saúde do solo, frequentemente degradado pelo manejo intensivo do alho. As bactérias benéficas ajudam a restabelecer o equilíbrio microbiológico, criando um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das plantas e permitindo uma rotação de culturas mais sustentável a longo prazo.
“Estamos falando de um sistema integrado que une bactérias que nutrem e bactérias que protegem. Esse equilíbrio biológico é a chave para o produtor alcançar mais produtividade, sustentabilidade e estabilidade econômica”, conclui o especialista. A adoção dessas tecnologias aponta para um futuro promissor para a alhoicultura nacional, combinando alto potencial produtivo com práticas agrícolas mais equilibradas.




















