Um novo passo na aproximação entre Brasil e México foi dado com a assinatura de um memorando de entendimento (MoU) para impulsionar a vitivinicultura mexicana no mercado brasileiro, começando por Brasília. O acordo foi firmado entre o Grupo Tropical, a Raiz Urbana Desenvolvimento Imobiliário, a Família Itabaiana e a Câmara de Comércio Brasil-México (Camebra), com o apoio da Embaixada do México no Brasil. A cerimônia ocorreu em Goiânia, no Restaurante Grá, localizado no icônico Órion Complex, e contou com a presença do embaixador interino do México, Alejandro Ramos Cardoso, além de representantes da Camebra e da Federação da Indústria do Estado de Goiás (FIEG).
O México, que busca maior reconhecimento no cenário enológico mundial, vê no Brasil — o décimo maior mercado de vinhos do planeta — uma oportunidade estratégica. O consumo de vinho no país cresceu de 1,8 litro per capita em 2019 para 2,7 litros em 2022, mantendo-se estável desde então, segundo dados da consultoria IWSR. A parceria pretende aproveitar esse potencial, inserindo os vinhos mexicanos em um novo polo de enoturismo no Distrito Federal.
O projeto será desenvolvido no Aldeia do Vale Brasília, um condomínio horizontal sustentável em uma área de 11 milhões de metros quadrados, localizado a 40 minutos da Esplanada dos Ministérios. Além de se tornar uma vitrine para vinhos internacionais, incluindo os mexicanos, o empreendimento estudará a viabilidade de cultivo de vinhedos no local, aproveitando as características do terreno. O acordo também prevê a incorporação de elementos da cultura, gastronomia e arquitetura mexicana ao projeto.
O embaixador Alejandro Ramos Cardoso destacou a importância da parceria, lembrando a longa tradição vitivinícola do México, que abriga a vinícola mais antiga das Américas, a Casa Madero, fundada em 1597. Nos últimos anos, o país quadruplicou seu número de vinícolas, chegando a 400 em 2022. “O México está produzindo vinhos de altíssima qualidade, e essa parceria abre portas para trocas de conhecimento e negócios”, afirmou.
Durante o evento, os convidados degustaram o Monte Castelo Syrah 2022, um vinho goiano premiado no Vinalies Enologues de France, demonstrando que o Cerrado também tem potencial para a vitivinicultura. Victor Hugo Itabaiana Soares, sócio do Aldeia do Vale Brasília, explicou que técnicas como a poda dupla têm impulsionado a produção de uvas na região, onde já operam 33 vinícolas.
Paulo Roberto da Costa, do Grupo Tropical, reforçou que o projeto seguirá os princípios de sustentabilidade do Aldeia do Vale Goiânia, integrando agricultura e moradia no conceito de agrihood.
Apesar das fortes relações comerciais entre Brasil e México — sexto e sétimo maiores parceiros um do outro, respectivamente —, o volume de negócios ainda é modesto, atingindo US$ 13,5 bilhões em 2024. Djair José de Rezende, vice-presidente da Camebra, e Carlos Stuart, da FIEG, destacaram que há grande potencial para ampliar essa colaboração, especialmente em setores como o vitivinícola. “São as duas maiores economias da América Latina, e há muito espaço para crescer”, afirmou Stuart.
Com essa iniciativa, Brasília pode se tornar um novo destino para os amantes do vinho, enquanto Brasil e México estreitam laços culturais e comerciais.
