Março registrou o maior crescimento do consumo no período devido à menor pressão inflacionária sobre a cesta de alimentos, antecipação das compras de Páscoa e recursos extras dos programas de transferência de renda
O Índice Nacional de Consumo dos Lares Brasileiros encerrou o primeiro trimestre em alta acumulada de 1,98%, aponta o monitoramento do departamento de Economia e Pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS.
A maior variação do consumo no período foi registrada em março, uma alta de 7,29% ante fevereiro. Na comparação com março de 2022, a alta é de 4,58%. Todos os indicadores foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento contempla todos os formatos e canais operados pelos supermercados.
“Os três primeiros meses trouxeram um certo alívio para o bolso dos consumidores com uma menor pressão da inflação sobre a cesta de alimentos, diferentemente do que ocorreu no mesmo trimestre do ano passado em que se registrou a escalada dos preços das principais commodities no mercado internacional com a invasão da Ucrânia pela Rússia. O aumento nos custos dos insumos para produção de alimentos e proteína animal, nos preços dos combustíveis e no frete acabaram refletindo nas gôndolas dos supermercados de forma intensa naquele período”, analisa o vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan.
O crescimento do consumo em março reflete ainda parte do abastecimento dos lares com produtos para a Páscoa comemorada em 9 de abril e o pagamento adicional de R$ 150,00 por crianças de até seis anos para 8 milhões de famílias inscritas nos programas de transferência de renda do governo federal.
No cenário macroeconômico, outros recursos injetados na economia contribuíram para o abastecimento nos lares no trimestre, como o reajuste do salário-mínimo (+7,42) para mais de 60 milhões de pessoas; a manutenção do pagamento de R$ 600,00 do Bolsa Família; o Auxílio gás no valor de 100% da média nacional do botijão de gás de cozinha de 13 quilos pago em fevereiro; o resgate do PIS/PASEP (de fevereiro a dezembro); o pagamento dos lotes residuais de Imposto de Renda para contribuintes que caíram na malha fina ou entregaram a declaração em atraso e reajustes das bolsas da educação – CAPES e CNPQ.
Para 2023, a entidade prevê um crescimento de 2,5% do Consumo nos Lares.
AbrasMercado recua -0,94% no ano
Em março, todas as cinco regiões registraram retração nos preços da cesta de largo consumo
O AbrasMercado – indicador que mede a variação de preços nos supermercados – fechou o primeiro trimestre com recuo de -0,94%. Na comparação março ante fevereiro todas as cinco regiões registraram retração nos preços da cesta de 35 produtos de largo consumo composta por alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza. Com essa variação em março, o preço na média nacional caiu de R$ 752,04 em fevereiro para R$ 747,35 em março, uma queda de -0,62%.
As principais quedas no trimestre foram puxadas por cebola (-36,75%), batata (-11,99%), tomate (-10,07%), óleo de soja (-6,60%), e carnes bovinas – cortes do traseiro (-3,74%) e do dianteiro (-2,91%), frango congelado (-2,47%), café torrado e moído (-2,15%).
Em contrapartida, a redução na área plantada de feijão que vem perdendo espaço para outras culturas tem elevado os preços no mercado interno. No trimestre, o feijão acumula alta de 7,29%.
No arroz houve queda de 7,9% no último ciclo decorrente da menor área plantada aliada às condições climáticas adversas registradas no desenvolvimento da cultura, principalmente nas lavouras do Rio Grande do Sul, maior produtor do cereal. De janeiro a março, o arroz acumula alta de 6,05%.
Entre as maiores altas da cesta aparecem ainda ovo (+10,33%), farinha de mandioca (+7,64%) e leite longa vida (+4,40%).
Na cesta de higiene e beleza, sabonete (+3,07%), creme dental (+2,5%), papel higiênico (+2,39%), xampu (+1,42%) foram os principais itens que tiveram aumento nos preços.
Na cesta de limpeza, as maiores altas foram puxadas por sabão em pó (+2,48%), detergente líquido para louças (+1,52%), desinfetante (+1,18%) e água sanitária (+0,87%).
Na análise regional do desempenho das cestas, a maior retração foi registrada na região Sudeste (-0,84%). Nas demais regiões, as variações no preço da cesta em março na comparação com fevereiro foram: Centro-Oeste (-0,73%), Norte (-0,45%), Nordeste (-0,25%) e Sul (-0,19%).
Cesta de alimentos básicos varia -0,10%
No recorte da cesta de alimentos básicos (com 12 produtos) houve variação de -0,10% em março ante fevereiro e o preço médio ficou em R$ 319,91.
As principais altas no mês foram registradas na farinha de mandioca (+1,59%), arroz (+0,90%) e carne dianteiro (+0,44%), e as quedas no óleo de soja (-4,01%), café moído (-1,41%) e farinha de trigo (-1,20%).