
Dados recentes indicam que o interesse por home office bate recordes no Brasil, e Flávio Hideo Mikami, especialista em empreendedorismo, comenta os desafios e oportunidades desse novo cenário
Levantamento da Sala Digital, em parceria com o Google, aponta que as buscas por termos relacionados a “trabalho remoto” no Brasil cresceram 12% em relação ao ano anterior e impressionantes 160% nos últimos cinco anos. Apesar disso, muitas empresas têm pressionado pelo retorno ao modelo presencial ou híbrido.
Para Flávio Hideo Mikami, especialista em empreendedorismo e CEO do 365 Coworking e do Arcoworking, o fenômeno não é mera moda, mas reflexo de transformações contínuas nas expectativas dos profissionais e nas dinâmicas de trabalho. “O home office tornou-se parte irreversível da cultura corporativa. Quem desconsiderar essa realidade corre o risco de perder talentos importantes que valorizam flexibilidade e qualidade de vida”, afirma Mikami.
Tensão entre flexibilidade e controle
Embora a demanda por trabalho remoto cresça, muitas empresas alegam dificuldades de controle, comunicação e mensuração de resultados. Segundo dados citados pela mesma matéria, 72% dos executivos têm preocupação com a produtividade de equipes remotas. Mikami reconhece o desafio, mas destaca que a tecnologia e a gestão adaptativa são instrumentos cruciais para superá-lo.
“A produtividade não se mede por hora na frente do computador, mas por entregas. E isso exige modelos de liderança orientados a resultados, com clareza de metas, comunicação transparente e uso inteligente de ferramentas digitais”, reforça.
Além disso, Mikami defende que o modelo de trabalho híbrido (parte presencial, parte remoto) tende a ser o mais adotado no médio prazo. Ele acredita que essa solução concilia os benefícios da flexibilidade com a necessidade de interação presencial. “O híbrido permite que colaboradores construam laços sociais, troquem ideias presencialmente e, ao mesmo tempo, ganhem dias para concentração e equilíbrio. A chave está em encontrar o ponto ótimo para cada equipe e cultura corporativa”, avalia.
O Brasil no ranking global
No ranking global de interesse por search terms relacionados a home office, o Brasil já ocupa a 12ª posição — à frente de países emergentes e próximo de nações mais desenvolvidas. Porém, embora haja forte demanda pelos trabalhadores, a adoção plena do modelo ainda enfrenta barreiras estruturais, culturais e de gestão.
Caminhos para tornar o modelo sustentável
Para que o home office se torne sustentável e benéfico tanto para empresas quanto colaboradores, Mikami sugere alguns pilares essenciais:
- Capacitação gerencial: líderes precisam entender como gerenciar equipes distribuídas, motivar sem microgerenciar e fomentar autonomia.
- Processos claros e métricas orientadas à entrega: definir objetivos mensuráveis e acompanhar resultados, não horas trabalhadas.
- Investimento em tecnologia: ferramentas de colaboração, comunicação e monitoramento tornam-se indispensáveis.
- Saúde mental e bem-estar: promover pausas, desconexão e políticas que evitem esgotamento.
- Flexibilidade personalizada: reconhecer que cada função, equipe ou colaborador pode demandar arranjos distintos (total remoto, híbrido ou presencial).




















