Cegueira social

Dia 20 de novembro se tornou um feriado nacional e infelizmente, como acontece a cada ano, escuto a frase: mas quando haverá o dia da consciência branca? Como tradição, estava em uma reunião quando ouvi o questionamento pela milésima vez. Sei que nesse momento, apenas me retirei da sala, como a data, eu era minoria no recinto e não adiantaria tentar explicar que certas datas comemorativas servem para mostrar aos donos da situação que o mundo é muito maior do que eles imaginam.

Somos parte de um país de misturas, e que bom que temos grandes diferenças entre cada ser humano. No mundo do empreendedorismo, se fala que a inovação nasce a partir das diferenças, não é a partir do igual. Diferentes formações, realidades, visões que quando se sentam ao redor do mesmo propósito conseguem achar soluções fantásticas.

Triste é ver que mesmo que o espírito empreendedor tenha crescido no país, esse aprendizado de abraçar e respeitar as diferenças ainda fica dentro de redutos e não consegue curar a cegueira que muitos ainda compartilham. 

Quero pontuar que aqui não falo de ideologias ou direita versus esquerda, apenas trago uma provocação ou reflexão, para que as pessoas entendam que ainda vivemos em uma sociedade extremamente desigual e que as minorias precisam ser respeitadas, qualquer que seja ela.

Na verdade, desde os tempos de universidade essa ideia de ‘minoria’ me trazia um incômodo, mas por que não é possível pensar em outro termo, afinal, falar que negros em um país tão miscigenado como o Brasil são minoria me parece um absurdo. 

Contudo, eles se tornam minorias quando tratamos de oportunidades e cadeiras ocupadas pela tal elite, sim, elas existem, e mesmo que tentem dizer a Teoria das Elites, que inclui nomes como Vilfredo Pareto, seria uma falácia, ela explica muito bem o que vivemos.

Sei que mesmo que pareça apenas um verso escrito por John Lennon, sigo sonhando com a equidade e viver em uma sociedade em que as pessoas possam aprender a respeitar o próximo.

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