
Com 60% da população já tendo utilizado ferramentas de IA generativa e 57% recorrendo à tecnologia diariamente, o Brasil se destaca como um dos países mais engajados no uso de inteligência artificial no mundo. Os dados da Bain & Company revelam que 80% dos usuários brasileiros empregam a tecnologia para fins pessoais, dedicando em média 30 minutos por dia a essas ferramentas. Este alto nível de adoção, no entanto, esconde um paradoxo preocupante: a possível erosão do pensamento crítico e da autonomia intelectual.
Pesquisas recentes evidenciam os riscos dessa dependência tecnológica. Um estudo publicado na Societies indica que o uso excessivo de IA pode enfraquecer capacidades analíticas, com usuários transferindo progressivamente tarefas mentais para as máquinas. A Conversion acrescenta que 62% dos usuários confiam cegamente nas respostas geradas por IA, enquanto testes do grupo METR com desenvolvedores experientes mostraram que o uso da tecnologia pode ampliar em 19% o prazo de conclusão de projetos.
Estratégias para um uso equilibrado
Emanuela Ramos, Chief of Growth da Nava, defende que a IA deve ser uma aliada, não substituta do pensamento humano. Ela recomenda três abordagens principais para profissionais:
Estabelecer limites claros de utilização, reservando a IA para tarefas operacionais como organização de informações e geração de rascunhos, enquanto preserva atividades que exigem análise crítica e julgamento profissional.
Exercitar constantemente o pensamento crítico, verificando informações, comparando fontes e complementando os outputs da IA com experiência prática e conhecimento específico.
Valorizar as interações humanas através de diálogos com colegas, mentorias e networking presencial, essenciais para estimular criatividade e desenvolver habilidades socioemocionais.
Preservando a autonomia intelectual
“Se delegarmos constantemente nossas decisões à IA, como ficarão nosso senso crítico e capacidade de raciocínio?”, questiona Emanuela. A especialista alerta que o uso indiscriminado da tecnologia pode criar uma relação de codependência, comprometendo a capacidade analítica dos profissionais a longo prazo.
A chave, segundo ela, está em encontrar um equilíbrio que aproveite a eficiência da IA sem abdicar da reflexão profunda, da leitura atenta e dos exercícios mentais sem atalhos digitais. Esta abordagem híbrida – que combina o melhor da tecnologia com a intuição e experiência humanas – representa o caminho mais sustentável para inovação e saúde cognitiva no ambiente profissional.



















