Mercado financeiro deve ter uma semana agitada

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Foto: Pixabay

FED e o Copom se reúnem no início da semana para discutir as alternativas para controlar a inflação e assim, o mercado financeiro promete ter uma semana agitada

Diante dos rumores sobre uma recessão global, o mercado financeiro deve ter uma semana movimentada. Para discutir o ajuste monetário e tentar controlar a inflação, o Federal Reserve (Fed, banco central americano), nos EUA, e o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), no Brasil, se reúnem, coincidentemente, dias 14 e 15/06, com a expectativa de aumento da taxa de juros brasileira (SELIC) e americana. De um lado, os americanos tentam controlar a maior inflação em 40 anos de história. De outro, o Brasil segue seu ritmo de elevação da taxa de juros, iniciado em março do ano passado.

No Brasil, de acordo com o boletim parcial do Relatório Focus do Banco Central, divulgado na última segunda-feira, 06/06, a expectativa é de que a taxa básica de juros chegue a 13,25% ao ano até o fim de 2022, e de 9,75% no fim de 2023. O assessor de investimentos da gestora de patrimônio WIT – Wealth, Investments & Trust-, Flávio Alves, acredita que o ajuste na taxa de juros americana possa surpreender, assim como o que ocorreu na Austrália na última semana e tem ocorrido em vários países. “O americano não está acostumado com a inflação alta. Então, apesar dos temores de recessão global, novas elevações de juros de 0,5 ponto percentual são tidas como uma quase certeza para os próximos encontros do Fed”.

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Flávio Alves. Foto: Divulgação

A elevação da taxa básica de juros tem sido uma realidade em praticamente todo o mundo. O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), considerado o banco central dos bancos centrais, indica que, dos 38 BCs monitorados pela instituição internacional, mais de 60% passaram a subir juros entre o fim de 2021 e maio deste ano. No caso do G-20, grupo composto pelas 20 principais economias do mundo, há 13 países nos quais a política monetária passou ao modo de aperto, que representa 65% do conjunto. No entanto, se forem adicionados os países da zona do euro, uma vez que o Banco Central Europeu tem sinalizado para o início de uma subida de taxas a partir de julho, o percentual sobe para mais de 80% do G-20.

Alves prevê que a aversão ao risco dos investidores deve impactar na saída da bolsa de valores brasileira, apesar de ela apresentar boas oportunidades em empresas com ações descontadas. “O ajuste monetário acaba causando uma atratividade para investimentos no exterior porque os títulos americanos são mais seguros de riscos e hoje apresentam taxas mais atrativas. O fluxo de dinheiro que poderia vir para o Brasil acaba sendo direcionado para o mercado americano e, com isso, podemos ter alguns impactos, como a alta do dólar. Agora, a questão é como os bancos centrais podem combater a inflação sem causar uma recessão”.

O mercado financeiro segue atento também às propostas dos candidatos à eleição presidencial no Brasil, em meio aos questionamentos sobre recessão e elevada taxa básica de juros. Esta conjuntura contribui ainda mais para a procura de classes de ativos seguros, com rendimento e baixo risco, a exemplo da renda fixa. “Em um momento de inflação um pouco pressionada, a renda fixa acaba sendo alternativa interessante para proteger o capital”. O assessor de investimentos lembra ainda que no próximo ano terá um ciclo de cortes de juros no país, com muito espaço para alta da bolsa brasileira, visto que o Copom saiu na frente em relação ao ajuste monetário, iniciado no ano passado. “Existem, também, oportunidades no mercado de renda variável, porque sempre alguns ativos na bolsa trazem vantagens”, acrescenta ele.

Alves explica que o índice Ibovespa, que agrega os ativos, tem se mostrado atrativo com as empresas que estão, relativamente, baratas em termos de valuation. Então, o cenário é sugestivo para uma alocação a longo prazo. “A bolsa de valores brasileira apresenta boas alternativas de empresas com expectativa de valorização do mercado. São companhias com balanços sólidos, perspectiva de crescimento e negociadas a preços abaixo do valor esperado. Porém, como se trata de um investimento de risco, de renda variável, é bom que esse horizonte seja mais de longo prazo”.

Fator China

Na contramão de outros países, o Banco Central da China anunciou a redução, de 4,6% para 4,45%, da taxa preferencial de empréstimo. É uma tentativa de estimular a economia, afetada pelas várias restrições decretadas por surtos de covid. Os prolongados confinamentos afetaram as cadeias de abastecimento, provocaram a contração da demanda e desaceleraram a indústria.

Recentemente, o país determinou que os bancos estatais disponibilizem linhas de crédito no montante de até US$ 120 bilhões (800 bilhões de yuans) para projetos de infraestrutura. A estratégia chinesa pode refletir positivamente no Brasil. “Os impactos maiores são para as empresas exportadoras para a China. Os estímulos são para que a economia asiática volte a aquecer. Como ela também é uma grande importadora, principalmente de commodities do Brasil, isso acaba favorecendo as empresas do setor na bolsa, então este estímulo chinês pode ter um impacto positivo para o Brasil, sim”, acrescenta Flávio Alves, assessor de investimentos da WIT Invest.

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