
O período das festas de fim de ano, marcado por celebrações e reuniões familiares, pode ser um desafio para as cerca de 15% das pessoas que convivem com a enxaqueca, segundo a Organização Mundial da Saúde. É justamente nessa época que as crises tendem a se tornar mais frequentes, podendo interferir em planos de viagem e momentos de lazer.
Segundo a neurologista Thaís Villa, especialista no diagnóstico e tratamento da condição, isso ocorre devido a uma combinação de fatores praticamente inevitáveis desta temporada, como o aumento do estresse, as altas temperaturas e os deslocamentos para passeios.
O estresse, comum nas preparações e compromissos de fim de ano, afeta diretamente um cérebro já naturalmente mais excitado nas pessoas com enxaqueca. Essa sobrecarga pode intensificar a dor de cabeça e uma série de outros sintomas associados, que incluem sensibilidade à luz, a sons e a odores, além de tonturas, náuseas, dores musculares e alterações de humor.
O calor típico do verão brasileiro é outro fator desencadeador. As altas temperaturas podem precipitar crises, sendo fundamental redobrar a atenção com a hidratação. A exposição à luz intensa, comum em dias de praia, também exige cuidado, recomendando-se o uso de óculos escuros para amenizar o desconforto.
Os deslocamentos, sejam de carro, avião ou barco, representam um terceiro gatilho relevante. A cinetose, popularmente conhecida como “mal do movimento”, é um sintoma comum da enxaqueca e pode, por si só, iniciar uma crise. Ela se manifesta com náuseas, vômitos e mal-estar durante ou após viagens.
A neurologista ressalta, porém, que há esperança. “É muito importante entender que, ao tratar a enxaqueca adequadamente, esses gatilhos perdem força e a chance de crise diminui, permitindo desfrutar dos momentos de lazer e descanso”, explica Thaís Villa.
A médica enfatiza que a enxaqueca, embora não tenha cura, possui tratamento. Ela orienta que os pacientes busquem um neurologista para iniciar uma jornada de controle da doença, que é complexa e traz repercussões significativas para a qualidade de vida, incluindo maior risco de complicações vasculares, alterações de sono e humor, e tendência a problemas cognitivos.
“O tratamento integrado visa o controle dos sintomas e da doença e deve combinar terapias com medicamentos de ponta e ajustes no estilo de vida, com acompanhamento de uma equipe multiprofissional. O objetivo é oferecer um atendimento individualizado para proporcionar bem-estar ao paciente por meio do controle da doença e dos sintomas que ela provoca”, completa a especialista.














