Estudo destaca benefícios da prática antes do diagnóstico para pacientes com câncer em estágio inicial
A prática de atividade física moderada a alta (≥ 60 minutos/semana) antes do diagnóstico de câncer em estágio I está associada a uma redução de 27% no risco de progressão da doença e 47% no risco de mortalidade por todas as causas, segundo um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine. Mesmo a prática de níveis baixos de atividade física (< 60 minutos/semana) apresentou impacto positivo em comparação à total ausência de exercícios.
Contexto global: A importância da prevenção
O câncer continua sendo uma das principais causas de mortalidade global, responsável por cerca de 10 milhões de óbitos em 2019 e 2020. De acordo com especialistas, 30% a 40% dos tumores podem ser prevenidos com mudanças no estilo de vida, incluindo a adoção de uma dieta equilibrada, controle do peso, combate ao tabagismo e prática regular de atividade física.
Estudos anteriores já sugerem que exercícios de intensidade moderada a vigorosa podem reduzir o risco relativo de mortalidade por câncer em até 50%, especialmente em casos de tumores de mama, cólon e próstata.
Detalhes do estudo
O estudo, conduzido na África do Sul, analisou dados de 28.248 participantes com diagnóstico de câncer em estágio I. Os dados foram coletados entre 2008 e 2022, com base em dispositivos de monitoramento, academias e eventos esportivos registrados pelos participantes.
Metodologia e principais resultados:
Categorias de atividade física:
- Nenhuma atividade
- Baixa atividade (< 60 minutos/semana)
- Moderada a alta atividade (≥ 60 minutos/semana)
Principais desfechos avaliados:
- Risco de progressão da doença
- Mortalidade por todas as causas
Achados relevantes:
Risco de progressão:
- Redução de 16% para baixa atividade (RR: 0,84, IC 95% 0,79-0,89)
- Redução de 27% para atividade moderada a alta (RR: 0,73, IC 95% 0,70-0,77)
Mortalidade por todas as causas:
- Redução de 33% para baixa atividade (RR: 0,67, IC 95% 0,61-0,74)
- Redução de 47% para atividade moderada a alta (RR: 0,53, IC 95% 0,50-0,58)
Sobrevida em 24 meses:
- 91% para nenhuma atividade
- 94% para baixa atividade
- 95% para atividade moderada a alta
Recomendações práticas
Os autores do estudo destacam que a atividade física deve ser considerada uma ferramenta essencial para o manejo e prevenção do câncer. Além disso, programas de saúde pública podem se beneficiar ao incorporar a promoção de exercícios físicos como parte da abordagem integrada para pacientes oncológicos.
“A promoção da atividade física tem o potencial de melhorar significativamente a progressão da doença e a sobrevida em pacientes com câncer, além de reduzir o impacto geral na saúde pública”, afirmaram os pesquisadores.
Limitações do estudo
Os pesquisadores apontaram limitações, como a ausência de dados sobre tabagismo e consumo de álcool, além de informações incompletas sobre o índice de massa corporal de parte dos participantes. Como os dados foram extraídos de membros de planos de saúde privados, os resultados podem não ser representativos de toda a população sul-africana.
Impacto global e próximos passos
A pesquisa reforça o impacto positivo da atividade física em pacientes oncológicos e abre portas para novas investigações que possam validar os resultados em diferentes contextos populacionais. Ao destacar a redução no risco de progressão e mortalidade, o estudo estabelece uma base sólida para que profissionais de saúde incentivem hábitos saudáveis desde cedo.
Com a crescente conscientização sobre a importância de prevenir doenças, a integração da atividade física como componente essencial da saúde pública se torna cada vez mais crucial.