Interrupção precoce do uso de aspirina nos primeiros meses após infarto não é segura, conclui estudo inédito do Einstein

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Um estudo inédito conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em parceria com o Ministério da Saúde através do Proadi-SUS, demonstrou que a interrupção precoce do uso de aspirina nos primeiros meses após um infarto não é segura. A pesquisa NEO-MINDSET, que acompanhou mais de 3.400 pacientes por 12 meses, foi destaque no congresso da European Society of Cardiology e selecionada para publicação no New England Journal of Medicine.

O estudo investigou a segurança de suspender a aspirina após angioplastia com stent, mantendo apenas um antiplaquetário potente. Atualmente, o protocolo padrão combina aspirina com outro antiplaquetário na chamada dupla anti-agregação plaquetária. Os resultados mostraram que, embora a retirada da aspirina reduzisse significativamente os sangramentos (2,0% contra 4,9%), não oferecia proteção adequada contra eventos cardiovasculares graves. O grupo sem aspirina registrou 7,0% de eventos cardiovasculares, contra 5,5% no grupo com terapia dupla, além de apresentar maior incidência de trombose de stent (12 casos contra 4).

Segundo o cardiologista Pedro Lemos, autor sênior do estudo, estes resultados confirmam que a monoterapia antiplaquetária reduz sangramentos, mas não oferece segurança suficiente para substituir completamente a estratégia padrão nas primeiras semanas ou meses após o infarto. A pesquisa, que envolveu 50 centros hospitalares brasileiros, principalmente do SUS, reforça a importância do protocolo tradicional de dupla anti-agregação plaquetária e contribui para práticas médicas baseadas em evidências em todo o mundo.