O Xeque-Mate da Inteligência Artificial: como ela está transformando as eleições e desafiando a democracia

inteligência artificial

Enquanto o mundo se prepara para mais uma temporada eleitoral, uma força invisível está silenciosamente moldando o jogo político: a inteligência artificial (IA). Este fenômeno tecnológico não só está prevendo tendências eleitorais, mas também está influenciando ativamente o comportamento dos eleitores e redefinindo as regras do jogo democrático em todo o mundo.

A eleição argentina, que culminou com a vitória de Javier Milei, foi a primeira de muitas disputas que terão influências diretas da inteligência artificial no processo eleitoral. A Indonésia, terceira maior democracia do mundo, se prepara para escolher seu próximo presidente. Recentemente, um vídeo publicado nas redes sociais “ressuscitou” o ditador Hadji Mohamed Suharto, morto em 2008, gerando uma série de questionamentos sobre ética nas eleições e o uso da IA.

No Brasil, as eleições municipais de 2024 também estarão mais marcadas pela presença da tecnologia, com a evolução contínua da IA e as interações cada vez mais personalizadas com os eleitores.

Estamos vivendo uma era em que o voto não é apenas contado, mas também influenciado por algoritmos complexos. A IA tem o poder de segmentar eleitores com precisão cirúrgica, personalizar mensagens políticas e até mesmo criar perfis psicológicos para manipular o voto. Estamos testemunhando uma era onde a política não é apenas sobre persuasão, mas sim sobre a manipulação digital como nunca visto, e é aí que o jogo muda.

A capacidade da inteligência artificial de gerar conteúdo falso, como “fake news” ou “deep fakes”, levanta sérias dúvidas sobre a veracidade dos fatos e pode influenciar negativamente as decisões dos eleitores. Apesar do TSE ter ditado regras claras sobre isso recentemente, na prática, a penalidade só será aplicada quando descoberta e devidamente identificada sua origem. Até lá, o estrago já pode ter sido feito. E não é só com “deep fakes” que temos que nos preocupar, “bots” de redes sociais alimentados por algoritmos estão sendo usados para amplificar mensagens políticas tendenciosas e sem fundamento, distorcendo a percepção pública e minando a confiança em determinados candidatos. Outras questões relacionadas à privacidade dos dados, viés algorítmico e falta de transparência podem levantar sérias dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral. Estamos caminhando para uma era onde a política é decidida não pelos cidadãos, mas sim pelos algoritmos que operam nos bastidores.

Diante desses desafios, é urgente uma reflexão profunda sobre o papel da IA na democracia. Devemos garantir que os valores democráticos fundamentais, como transparência, participação e responsabilidade, não sejam sacrificados em nome do progresso tecnológico.

Precisamos ainda pensar no cidadão “comum”, aquele que acorda cedo todos os dias para ir trabalhar e não tem tempo para ler e aprender sobre nada disso. É imperativo que se pense como capacitar a população a discernir entre informações confiáveis e falsas, compreender as implicações da IA no processo democrático e fortalecer a resiliência contra a manipulação digital. Estamos diante de um ponto de virada histórico, e a maneira como abordamos o desafio da IA nas eleições determinará o destino da nossa democracia daqui para frente.

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