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Especialistas falam sobre o conflito na Ucrânia

Presidente Vladmir Putin. Foto: Marcos Corrêa/PR

Segundo dia da invasão russa na Ucrânia. Cenas inimagináveis aparecem nas redes sociais com várias cidades já estão tomadas, incluindo a usina de Chernobyl, local do maior acidente radioativo da história. Mas quais são as motivações para o conflito? E quais são os efeitos para os brasileiros?

De acordo com a Rússia, a invasão é motivada para libertar os ucranianos, e ainda citam a existência de violência contra russos nas regiões pró-Moscou no país. Outra justificativa é a luta contra o nazismo. Os motivos não parecem ter embasamento, vale destacar que o atual presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky,  é judeu.

Para o filósofo e especialista em ESG Luiz Fernando Lucas, a falta de oxigenação no poder na Rússia é uma das causas indiretas do ataque à Ucrânia. Vladimir Putin se tornou presidente em 1999. 

“Em outros tempos, a invasão de um país era aceita como algo comum”, comenta o filósofo. “Hoje, já não é mais assim. E as pessoas olham com perplexidade que, no século de conhecimento e evolução, após uma pandemia, a gente tenha de enfrentar uma guerra que pode ter proporções inimagináveis”, disse.

Lucas ainda lembra que apesar de ter se tornado presidente ainda em 1999, a legislação russa vem “vem sendo permanentemente mudada como forma de garantir a manutenção de Putin no poder por meio de manobras de imposição de força.”

O desejo de reconstruir a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), dissolvida no início dos anos 1990, parece guiar Putin, mas para o filósofo essa plano revela um atraso por representar a tentativa de manutenção de “métodos antigos de força e coisas que vão em sentido contrário àquele que o mundo vem demonstrando em termos de evolução socioambiental, econômico e de governança.” 

Impactos para o Brasil 

O advogado, especialista em Direito Internacional, Leonardo Leão, CEO da Leão Group, traz reflexões sobre os possíveis impactos da invasão russa para o Brasil. 

“Temos na zona de guerra a Rússia que é um dos maiores produtores de Petróleo no mundo, com capacidade de produção de mais de 10 milhões de barris por dia. O país é ainda o maior fornecedor de gás natural da Europa, o barril já bateu o preço de mais de U$ 100, isso faz com que tenhamos de imediato mais aumento no preço dos combustíveis no Brasil, a Rússia também é o polo de exploração e produção de diversas outras commodities, como minérios e grãos. A exportação desses bens também deve ser dificultada pelas sanções, causando ainda mais danos”, alerta Leão.

Diante de tantos impasses e incertezas, o jogo político também pode influir diretamente para os brasileiros. Para Leonardo Leão, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, errou ao fazer uma recente visita ao presidente russo, principal responsável pelo conflito na Europa.

“Infelizmente o presidente errou ao fazer uma visita desnecessária e manifestar apoio ao presidente Putin, economicamente e historicamente os Estados Unidos são parceiros mais importantes para o Brasil que os russos, e o que o presidente demonstrou nessa visita foi muito mais um ato contra o presidente Biden que pró Rússia, isso é muito ruim para o Brasil”, comentou o especialista em direito internacional.

Leão ainda lembrou que o Brasil tem hoje um assento não-permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e que os próximos passos do governo brasileiro influenciará muito mais sua percepção pela comunidade internacional do que qualquer comentário feito por Jair Bolsonaro durante sua visita a Moscou na semana passada.

“As declarações de Bolsonaro na Rússia ao dizer que Brasil e Rússia pregam a paz mundial foram na contramão do que está sendo dito pelas principais nações, entre elas os Estados Unidos, a tendência é que o Brasil se mantenha neutro, até se abstendo de moções contra a Rússia, como foi no caso da invasão da Criméia em 2014, mas diante da gravidade da atual situação, e depois da visita inoportuna a Moscou do presidente, o Brasil pode sofrer mais críticas e pressões dos EUA”, finaliza.

Enquanto, o vice-presidente Hamilton Mourão e o Itamaraty condenaram os ataques russos, o presidente Bolsonaro, durante a live semanal, desautorizou as falas anteriores e disse: “quem fala pelo país é o presidente e o presidente se chama Jair Messias Bolsonaro”.

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