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Radiotelescópio Brasileiro iniciará operação no primeiro semestre de 2023

radiotelescópio
Foto: Divulgação

O equipamento permitirá um aprofundamento técnico, que pode ultrapassar limites ao observar os locais onde a energia escura começa a preponderar no universo

Com o intuito de observar o céu brasileiro, o início das atividades do Radiotelescópio Bingo estão previstas para o primeiro semestre de 2023 na cidade de Aguiar, na Paraíba. De acordo com o físico teórico e professor da USP, Élcio Abdalla, coordenador do projeto, as descobertas a serem obtidas permitirão, eventualmente,  planejar eventuais viagens para fora da Terra, prever quedas de asteroides e poderá perscrutar possíveis vidas em outros planetas. Com um maior conhecimento de interações elementares ainda desconhecidas, eventuais aplicações para a descoberta de novas fontes de energia poderão ser possíveis.

“As observações permitem que a ciência seja feita de modo efetivo e importante, captando informações sobre a formação das primeiras estruturas, da formação de galáxias e de estruturas ainda maiores”, destaca o especialista.

O chamado “setor escuro do Universo” estará no foco das descobertas. No sertão, longe da poluição eletromagnética, será possível saber mais sobre estruturas desconhecidas da galáxia, pulsares que ainda precisam de observação e perceber novos sinais do espaço. Abdalla observa que “cerca de 95% do conteúdo energético do universo é completamente desconhecido, e o BINGO olhará para a distribuição detalhada da matéria conhecida para verificar os vínculos do setor escuro”.

O radiotelescópio nacional também apreciará as Oscilações Acústicas de Bárions (BAO), que se estendem por cerca de meio bilhão de anos luz do espaço. “A investigação será uma forma de restringir as propriedades da energia escura com o objetivo de compreender um pouco mais sobre a sua natureza. Tais análises serão realizadas por meio da emissão eletromagnética e rádio frequência do hidrogênio atômico”, enfatiza.

Em atividade no Sertão da Paraíba

O Projeto Bingo conta com uma ferramenta ativa e em funcionamento em Campina Grande, na Paraíba. O Uirapuru é um radiotelescópio menor, de apenas uma corneta – diferente de Bingo que terá 28 antenas-cornetas – sua instalação faz parte de uma das etapas antes do início das atividades de Bingo, na cidade de Aguiar.

“O Uirapuru tem como objetivo, assim como o BINGO, observar as FRB [“rajadas rápidas de rádio”, em tradução livre], ainda pouco conhecidas e que estão entre os fenômenos mais energéticos do Universo. Emitem, por vezes em milissegundos, o equivalente a toda produção de energia pelo Sol em três dias”, explica o Amílcar Rabelo de Queiroz, professor de Física da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

O Uirapuru, juntamente com outros dois radiotelescópios menores, trabalharão em fase com o BINGO, para testar uma tecnologia nova, em primeira mão, que permitirá uma análise de grande acurácia das próprias observações do BINGO. A efetividade das afirmações acima será provada com maior eficiência e precisão. “Estaremos utilizando ferramentas no chamado Estado da Arte, ou seja, o melhor a ser construído no planeta, com não apenas consequências maiúsculas do ponto de vista científico, mas também com técnicas de observação que poderão ser aplicadas em outras áreas do sensoriamento remoto. O avanço tecnológico será muito grande para o país”, concluiu o professor Élcio.

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