56% dos brasileiros afirmam só ter dinheiro para itens básicos
Mesmo com um cenário econômico positivo, especialmente com a desaceleração da inflação e do desemprego, uma pesquisa da NielsenIQ mostrou que 56% dos brasileiros afirmam só ter dinheiro para itens básicos, moradia e alimentação. A realidade intensifica movimentações e reduz lealdade de marcas, visando encontrar estratégias para aumentar o consumo.
Domenico Tremaroli, Diretor de Retail Services Brasil da NielsenIQ, explica que, além de substituir marcas, há aumento na troca de lojas e mudança na cesta. “O consumidor não busca apenas um preço melhor, mas uma opção que ofereça um conjunto de vantagens. As marcas próprias, desta forma, se convertem em uma alternativa cada vez mais viável, por agregar valor”, pontua.
O estudo do instituto ainda aborda que 44% das pessoas enxergam a alternativa como uma boa relação entre qualidade e preço, sendo que 40% acredita ser uma boa substituição aos fabricantes mais conhecidos. Por fim, 35% pensa que alguns produtos têm maior ou igual qualidade às marcas líderes.
“Houve crescimento de 12,2% em valor em níveis globais, mas ainda há espaço para desenvolvimento, especialmente na América Latina. No Brasil, o crescimento é acima do mercado, só que ainda menos do que a média Latam. Como reflexo positivo, há favorecimento de troca de marcas e adoção mais profunda da estratégia, em contrapartida há queda nos AS das grandes cadeiras e menor atuação no C&C (Cash&Carry, também conhecido como atacarejo), principal canal em crescimento”, diz.
Perfil do consumidor de marcas próprias
Ainda segundo a NielsenIQ, o comprador de marca própria é mais concentrado em classes altas (AB), com destaque para lares menores, de até duas pessoas, e com mais de 51 anos. No entanto, também ganha presença em lares de três a quatro pessoas, com idades de 36 a 50 anos.
“A compra destes produtos acelera neste último ano, aumentando a intensidade em 74,5% para marcas próprias, sendo que a promoção é um elemento relevante para o incentivo de compra de 37,9% do volume”, diz.
De acordo com Antônio Sá, sócio-fundador da Amicci, empresa de gestão e desenvolvimento de marcas próprias, cabe aos varejistas despertar a confiança do consumidor, com o desenvolvimento de produtos de qualidade e bem personalizados.
“É preciso entender a particularidade de cada público. Consumidores de classe A, naturalmente, esperam um produto mais premium. Se tem alguma região que não está comprando hoje, é porque não há oferta ou os varejistas ainda não apostaram na alternativa”, opina.
Para Sá, grandes marcas, como Carrefour e GPA, já provaram que os clientes gostam e consomem o tipo de produto, desde que esteja disponível e ofereça a qualidade esperada, ainda com um preço justo.