Milhares de pessoas acompanharam a posse de Lula direto de Brasília, na Esplanada dos Ministérios. A cerimônia foi além do simbolismo tradicional
A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, viveu um dia de festa com a presença de milhares de pessoas para ver de perto a posse do novo presidente e vice presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.
O tradicional desfile no Rolls Royce levou além do presidente e a primeira-dama, o vice-presidente e a esposa dele. No Congresso Nacional, os eleitos assinaram o documento de posse e Lula discursou no parlamento.
O novo presidente elogiou o sistema eleitoral e levou uma mensagem de união. “Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta Nação levantou, a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços”, disse.
Lula ainda se mostrou preocupado com o “desastre orçamentário” e a situação de fome de mais de 30 milhões de brasileiros. E no cenário do Brasil de hoje, ele se comprometeu a construir um “diálogo com os 27 governadores, vamos definir prioridades para retomar obras irresponsavelmente paralisadas, que são mais de 14 mil no país. Vamos retomar o Minha Casa, Minha Vida e estruturar um novo PAC para gerar empregos na velocidade que o Brasil requer”.
Uma subida histórica
Subir a rampa do Palácio do Planalto faz parte do rito de posse e não poderia ter sido mais simbólica. Com representantes da sociedade civil, a cachorra Resistência, Lula e Alckmin subiram a rampa do Planalto. Na Praça dos Três Poderes, uma multidão de 30 mil pessoas acompanhou o momento de perto.
Sem a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, que optou em ir para os Estados Unidos, a tradicional passagem da faixa foi especulada pelas redes sociais e mais uma vez, a nova gestão optou por mandar uma mensagem: a da representatividade.
Oito pessoas subiram a rampa e entregaram a faixa ao novo presidente.
Quem são eles?
- Francisco, 10 anos, morador da periferia de São Paulo, em Itaquera.
- Aline Sousa, 33 anos, catadora e hoje, é responsável pela Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores.
- Cacique Raoni Metuktire, 90 anos, reconhecido como defensor da Amazônia e dos povos indígenas e ribeirinhos.
- Weslley Viesba Rodrigues da Rocha, 36 anos, metalúrgico do ABC. Formado em Educação Física com auxílio do Fies.
- Murilo de Quadros Jesus, 28 anos, professor de Curitiba.
- Jucimara Fausto dos Santos, cozinheira e residente em Maringá (PR).
- Ivan Baron, influenciador digital, aos 3 anos teve meningite viral, doença que causou paralisia cerebral, ele é considerado um dos embaixadores da inclusão pela luta anti capacitista.
- Flávio Pereira, 50 anos, artesão no Paraná, ele esteve na vigília Lula Livre.
Discurso no Parlatório
Com a faixa presidencial, Lula discursou pela terceira vez na história no parlatório. Emocionado, ele lembrou que governará para 215 milhões de brasileiros e olhará para o “o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerância.”
Assumindo o compromisso pela luta contra a desigualdade no país, o presidente ainda afirmou: “É inaceitável que continuemos a conviver com o preconceito, a discriminação e o racismo. Somos um povo de muitas cores, e todas devem ter os mesmos direitos e oportunidades.
Ninguém será cidadão ou cidadã de segunda classe, ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais ou menos obstáculos apenas pela cor de sua pele.”
Encerrando o discurso, Lula voltou a defender a democracia, a união e a luta pelo bem. “saremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou o ódio. Viva o Brasil. E viva o povo brasileiro”, finalizou.
Presenças Internacionais
No Palácio do Planalto, Lula recebeu os chefes de estado presentes para a cerimônia de posse. Ao todo, foram 18 que vieram para Brasília. Contudo, ao olhar o número de países representados na capital com a presença de enviados especiais, presidentes ou vice, chanceleres e representantes de organismos internacionais, foram cerca de 120 países na posse.