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Ciência brasileira em destaque: pesquisadora conquista prêmio na França

Foto: Divulgação

A ciência brasileira ganhou destaque internacional em 2025 com a conquista da matemática Bianca Marin Moreno, que venceu o Prêmio L’Oréal França para Mulheres e a Ciência, uma das mais importantes distinções concedidas a jovens pesquisadoras com contribuições relevantes em suas áreas. O prêmio, criado pela Fundação L’Oréal em parceria com a Unesco, tem como objetivo valorizar o papel das mulheres na ciência e ampliar sua representatividade em campos ainda dominados por homens, como a matemática e a inteligência artificial.

Natural de São Bernardo do Campo e criada em Atibaia, no estado de São Paulo, Bianca vive na França desde 2019 e realiza doutorado em Aprendizado de Máquina no INRIA, em parceria com a EDF R&D e o Laboratório FiME. Sua pesquisa combina aprendizado por reforço e algoritmos de aprendizagem online aplicados aos chamados jogos de campo médio, com impacto direto em problemas de gestão energética.

Ao receber a notícia da premiação, a pesquisadora contou que ficou em choque por alguns segundos. Depois, a alegria tomou conta. Para ela, o reconhecimento representa tanto a validação de sua trajetória quanto uma responsabilidade. Como embaixadora da Fundação L’Oréal-Unesco para as Mulheres e a Ciência, Bianca pretende atuar ativamente na promoção da inclusão feminina nas áreas de exatas, um passo essencial para avançar na igualdade de gênero na ciência.

A trajetória acadêmica da paulista começou na Unicamp, no curso de Matemática com ênfase em Física-Matemática. No terceiro ano, ela foi aprovada no processo seletivo da École Polytechnique, uma das instituições de engenharia mais prestigiadas da França. Lá, concluiu o equivalente ao bacharelado e ao mestrado em Matemática Aplicada, além de uma especialização na École Normale Supérieure. Também conquistou o título de Engenheira Polytechnicien, que integra as duas formações.

Os jogos de campo médio estudados por Bianca modelam situações em que uma população infinita de agentes interage, permitindo resolver problemas de decisão em larga escala com base no comportamento médio da coletividade. Essa abordagem tem aplicações práticas na transição energética, como na integração de fontes renováveis à rede elétrica. Segundo a pesquisadora, equilibrar produção e demanda sem depender de combustíveis fósseis exige algoritmos capazes de se adaptar a incertezas e mudanças temporais. Ela pretende ampliar seus métodos para cenários mais complexos e com foco na proteção de dados sensíveis.

Bianca também relembra as dificuldades de se mudar para outro país. A saudade da família foi o maior desafio, seguida da barreira da língua e da adaptação ao frio. Mesmo assim, construiu uma rede de amigos em Paris e manteve seus laços com o Brasil. Seu objetivo é seguir colaborando com pesquisadores brasileiros e apresentar sua pesquisa em conferências no país.

Como referência para outras jovens cientistas, Bianca deseja inspirar meninas que sonham em seguir carreiras em exatas. Ela acredita que a matemática ainda carrega estereótipos de gênero que afastam muitas mulheres e defende a importância do Prêmio L’Oréal como uma vitrine para ampliar a presença feminina na ciência. Para ela, excluir mulheres significa perder metade dos talentos disponíveis, e sua participação é essencial para enriquecer pesquisas e garantir avanços mais diversos e inclusivos.

A jovem pesquisadora deixa uma mensagem para futuras cientistas: quem não tem medo de perguntas sem resposta sempre terá espaço na ciência. Ela incentiva que meninas busquem apoio em outras pesquisadoras quando sentirem que não pertencem a esse meio, lembrando que muitas já enfrentaram o mesmo sentimento e estão dispostas a ajudar.

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