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Brasil inaugura maior biofábrica do mundo de mosquitos com Wolbachia para combate à dengue

Foto: Flávio Carvalho/WMP Brasil/Fiocruz

Unidade no Paraná tem capacidade para produzir 100 milhões de ovos por semana e atenderá ao Ministério da Saúde

Foi inaugurada neste sábado (19), no Paraná, a maior biofábrica do mundo dedicada à produção de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, uma bactéria que impede a transmissão de doenças como dengue, chikungunya e zika. A unidade, chamada Wolbito do Brasil, é resultado da parceria entre o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP).

Com capacidade para produzir até 100 milhões de ovos de mosquito por semana e um time de 70 funcionários, a biofábrica atenderá exclusivamente ao Ministério da Saúde, que seleciona os municípios a serem contemplados com o método Wolbachia com base na incidência das arboviroses.

Método Wolbachia é alternativa não transgênica no combate ao Aedes

O método consiste em liberar no ambiente mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, que ao se reproduzirem com mosquitos locais, geram descendentes também com a bactéria. Isso reduz a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya para os humanos.

A Wolbachia está naturalmente presente em cerca de 50% dos insetos no mundo. A técnica desenvolvida nos últimos anos introduziu com sucesso cepas da bactéria em Aedes aegypti, promovendo uma vantagem reprodutiva sobre mosquitos não infectados.

Importante destacar que os mosquitos liberados não são transgênicos e o método é complementar às ações de prevenção já adotadas, como a eliminação de criadouros e o uso de inseticidas.

Brasil lidera avanço internacional da técnica

Presente atualmente em 14 países, o método Wolbachia começou a ser testado no Brasil em 2014, nos bairros de Tubiacanga e Jurujuba, no Rio de Janeiro e em Niterói, respectivamente. Desde então, foi expandido para:

Outras cidades estão em fase de implantação do método, como Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal (RN). Já os próximos municípios a receberem a liberação dos mosquitos são:

Atualmente, essas localidades estão na fase de comunicação e engajamento da população, com as primeiras liberações previstas para o segundo semestre de 2025.

Parceria institucional une Fiocruz e Tecpar

O IBMP, parceiro na iniciativa, é fruto da cooperação entre o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), vinculado ao governo estadual, e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde.

Durante a inauguração, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a relevância da iniciativa:

“A inauguração dessa fábrica coloca o Brasil, por meio dessa associação da Fiocruz com o Tecpar, na linha de frente dessa tecnologia para todo o mundo.”

Economia para o SUS pode ser expressiva

De acordo com estimativas da Fiocruz, cada R$ 1 investido no método Wolbachia pode gerar uma economia de R$ 43,45 a R$ 549,13 em tratamentos, medicamentos e internações no Sistema Único de Saúde (SUS).

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