Ícone do site Portal Contexto

Banco Central segue expectativas do mercado e mantém taxa Selic em 15% ao ano

Edifício sede do Banco Central do Brasil.
Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, uma decisão amplamente esperada pelo mercado financeiro. Este patamar, o mais alto em 19 anos, reflete o compromisso da autoridade monetária com uma política restritiva, diante de um cenário fiscal delicado, inflação persistente e aumento das incertezas políticas e econômicas. A expectativa geral é que a taxa permaneça neste nível não apenas nesta reunião, mas também nas próximas, prolongando o período de estabilidade até que o cenário macroeconômico permita cortes mais consistentes.

Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, avalia que, desta vez, o foco do mercado não está mais no nível da taxa em si, mas na comunicação do Comitê de Política Monetária. Ele afirma que o comunicado oficial será determinante para entender o momento em que o Banco Central pode iniciar a redução dos juros. Atualmente, existe um consenso de que esse movimento só deve ocorrer entre fevereiro e abril de 2026, com a Selic encerrando o próximo ano em uma faixa entre 12% e 13%. O especialista ressalta que não se trata de um corte abrupto, mas de um processo gradual de normalização da política monetária.

Cunha explica ainda que os 15% atuais representam um patamar extremamente restritivo, considerado necessário para conter as pressões inflacionárias e compensar o aumento dos riscos fiscais. Ele menciona a atuação de um governo que eleva gastos e benefícios sem o avanço de reformas estruturantes, um fator que preocupa o mercado e mantém o chamado prêmio de risco elevado. Além disso, o ano de 2026 é eleitoral, e este componente político impede uma flexibilização antecipada da política monetária.

No curto prazo, Paulo Cunha destaca que a manutenção da Selic não deve ter grandes impactos imediatos na economia nacional. Ele observa que a economia brasileira dá sinais de cansaço, mas ainda não entrou em colapso. Essa desaceleração é parte do objetivo de uma taxa de juros mais alta, que é conter a inflação por meio do desaquecimento da atividade econômica. Por isso, existe a possibilidade de o varejo registrar um Natal mais moderado, um cenário que já estaria precificado pelo mercado.

Quanto aos investimentos, o cenário de juros elevados reforça a atratividade da renda fixa, especialmente nos títulos prefixados e indexados à inflação. Com a Selic em um nível tão alto, o investidor conservador encontra boas oportunidades para travar taxas de retorno acima da média histórica. Para quem busca diversificação, o momento exige cautela com a renda variável, mas também abre espaço para a compra seletiva de ações descontadas, com foco em empresas sólidas e fundamentos robustos.

Sair da versão mobile