Ícone do site Portal Contexto

Menopausa equipara riscos de doenças cardiovasculares em mulheres aos dos homens

Foto: Pexels

A menopausa representa uma fase de significativas transformações na saúde e qualidade de vida feminina. Embora sintomas como ondas de calor, distúrbios do sono e alterações de humor sejam amplamente reconhecidos, existe um aspecto frequentemente negligenciado que coloca as mulheres em situação de vulnerabilidade: a saúde cardiovascular.

Durante a idade reprodutiva, as mulheres desfrutam de uma proteção natural para o sistema cardiovascular, apresentando menor risco de desenvolver condições como infarto ou acidente vascular cerebral quando comparadas aos homens. Essa proteção é atribuída principalmente ao hormônio estrogênio. Com a chegada da menopausa, os níveis desse hormônio sofrem uma redução considerável, equalizando os riscos cardiovasculares entre os gêneros.

O cardiologista Ricardo Ferreira, doutor pela Universidade de São Paulo, explica que o declínio nos níveis de estrogênio durante a menopausa provoca a perda de elasticidade dos vasos sanguíneos. Essa rigidez arterial aumenta a probabilidade de desenvolver hipertensão arterial. Simultaneamente, ocorrem alterações metabólicas que elevam o risco de níveis mais altos de colesterol LDL e acúmulo de gordura visceral na região abdominal.

Essas mudanças fisiológicas resultam em maior vulnerabilidade para eventos cardiovasculares graves, incluindo infarto, acidente vascular cerebral e arritmias cardíacas. O médico ressalta que embora essa condição seja comum a todas as mulheres que atingem a menopausa, alguns grupos enfrentam riscos adicionais, particularmente aquelas com fatores como obesidade, tabagismo, sedentarismo ou menopausa precoce.

A principal recomendação médica é a adoção consistente de hábitos saudáveis, incluindo alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. Esses cuidados são importantes em todas as fases da vida, mas tornam-se especialmente cruciais durante a menopausa. O especialista enfatiza que a queda hormonal é um processo inevitável, e mesmo com terapias de reposição hormonal não é possível replicar completamente a proteção oferecida pelo estrogênio naturalmente produzido pelo organismo. Portanto, o gerenciamento consciente do estilo de vida surge como estratégia fundamental para a manutenção da saúde cardiovascular.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as doenças cardiovasculares permanecem como a principal causa de mortalidade em escala global. Estatísticas de 2022 registram 19,8 milhões de óbitos atribuídos a essas condições, representando aproximadamente trinta e dois por cento de todas as mortes ocorridas no mundo.

Sair da versão mobile