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Depois do carnaval virtual, blocos do Rio miram 2022

Contexto Carioca

A maior festa do mundo, este ano, ficou marcada como o primeiro (e se Deus quiser, o único) carnaval virtual da história. Sem botar o bloco na rua por causa da pandemia, centenas de músicos cariocas precisaram criar alternativas para levar alegria ao público – e ainda tentar diminuir um pouco dos prejuízos acumulados em quase 1 ano de paralisação do setor cultural.

E ainda dá tempo de contribuir com as campanhas de financiamento coletivo, ajudar os músicos, fomentar a cultura e construir junto com os blocos o maior carnaval de todos os tempos em 2022!

Bloco Céu na Terra: projeto contemplado no edital da Lei Aldir Blanc

Justo quando dois blocos emblemáticos – Cordão do Boitatá e Amigos da Onça – completam 25 e 10 anos, respectivamente, o público não teve uma festa à altura. O primeiro é o principal responsável pela revitalização do carnaval de rua no Rio, e é composto por uma centena de músicos que realizam, todos os anos, um imenso cortejo e um show de palco arrebatador na Praça XV, para 70 mil pessoas. O bloco é voltado para a música brasileira de alta qualidade, tem forte atuação de resistência cultural, política e religiosa, valorizando sobretudo as matrizes africanas.

Já o Amigos da Onça traz uma nova geração de músicos, formados na (infelizmente) extinta escola da Pró-Arte. O coletivo inclui bailarinas, bailarinos, faz performances e coreografias com figurinos caprichados: um espetáculo! O bloco apresenta músicas autorais e releituras, com estilo eclético. O hit com o refrão “hoje tu não vai jantar” conquistou milhares de fãs, transformando o Amigos da Onça em um dos maiores blocos do Rio.

LIVES LEVARAM EMOÇÃO

Os dois blocos participaram do projeto Carnaval Virtual 2021, do Teatro Riachuelo, que contou ainda com o Agytoê. Os shows foram transmitidos ao vivo pelo YouTube e podem ser acessados neste link.  

Gabriel Gabriel na ‘live’ do Amigos da Onça

“Foi muito importante fazer essa live, depois de 1 ano sem eventos, sem trabalhos. Pudemos levar para a casa das pessoas um pouquinho do que a gente faz nas ruas. Nesse momento atípico, difícil, vimos vários stories das pessoas dançando, fantasiadas. O aspecto lúdico do carnaval é fundamental: é um momento em que podemos ser o que quisermos”, diz Gabriel Gabriel, fundador do Amigos da Onça.

O bloco lançou uma campanha de financiamento coletivo (clique aqui) para arcar com os custos da apresentação, cachês, etc. Um momento interessante da live foi a participação da vendedora ambulante Alice Maravilha, parceira do bloco em eventos. “É uma das profissionais que fazem parte do carnaval, e que estão sem uma renda importante”. Para retribuir a parceria e ajudar Alice, o bloco ofereceu a ela um cachê pela participação.

O Cordão do Boitatá também conta com sua rede, anualmente, para a produção do carnaval. “Durante a pandemia fizemos a campanha Heróis da Liberdade, de arrecadação para os adolescentes da comunidade da Serrinha, que tocam na nossa bateria. A campanha do carnaval foi voltada para os músicos do bloco em geral, muitos em situação bastante complicada”, diz Kiko Horta, fundador do Grupo Cultural Cordão do Boitatá. As contribuições podem ser feitas no banco Itáu, agência 0532, conta 2550-2; CNPJ 11289077/0001-40.

Kiko Horta na ‘live’ do Cordão do Boitatá

EDITAL PÚBLICO

Mais uma alternativa para os blocos foi o edital público lançado por meio da Lei Aldir Blanc. Um dos projetos aprovados foi o do já tradicional Céu na Terra, bloco que arrasta multidões pelas ruas de Santa Teresa.

Não existe carnaval sem músicos, foliões, brincantes e todos que trabalham para que a festa aconteça, com muita criatividade e amor. Termos sido contemplados no edital gerou trabalho para uma série de profissionais, trazendo algum alento. No entanto, muitos blocos importantes e escolas de samba ficaram de fora. É preciso entender que o carnaval injeta na cidade cerca de R$ 3,5 bilhões. É dever do poder público dar suporte e incentivar a festa, pois o retorno é mil vezes superior ao investimento”, conclui Jean Philippe, integrante do Céu na Terra.

“É preciso entender que o carnaval injeta na cidade cerca de R$ 3,5 bilhões. É dever do poder público dar suporte e incentivar a festa, pois o retorno é mil vezes superior ao investimento”. (Jean Philippe)

O lendário Cordão do Bola Preta nunca havia deixado de desfilar, em 103 anos de existência, mas não foi contemplado no edital – o que gerou críticas. A saída foi produzir lives em parceria com o Teatro Rival Refit, e lançar uma campanha de financiamento coletivo (foto abaixo). Já a Associação Independente dos Blocos da Zona Sul – Sebastiana, transferiu para a internet as oficinas de maquiagem, adereços, instrumentos e circo, realizadas todo ano e ministradas por integrantes de blocos como Suvaco do Cristo, Gigantes da Lira e Simpatia é Quase Amor.

Foi uma forma de levar o carnaval pra casa das pessoas e gerar trabalho para os oficineiros”, conta Rita Fernandes, presidente da Sebastiana. A associação ofereceu cachê para os professores, que também divulgaram o trabalho mirando novos alunos para o ano que vem.

2022 PROMETE

Aliás, se depender dos integrantes dos blocos, em 2022 o Rio terá o maior carnaval de todos os tempos! “Vai todo mundo jogar purpurina pro alto e deixar acontecer!!!” (Gabriel Gabriel).

Será um ano de reconstrução para todo mundo. Tenho esperança, com essa mudança de governo e uma maior aproximação da Secretaria de Cultura, de que haja um olhar para o carnaval mais como um evento cultural, e menos como um produto, simplesmente”. (Kiko Horta)

Leandra Leal, uma das madrinhas do Bola Preta, pede participação no financiamento coletivo

Não tenho dúvida que iremos às ruas cheios de empatia, amor e mais respeito ao próximo e à vida. Nossa consciência sai fortalecida. A parceria e a unidade daqueles que colocam o bloco na rua mostraram que temos muito mais força do que pensávamos” (Jean Brissac).

Espero que seja uma grande experiência criativa, na rua, que transborde alegria, sátira, música, poesia, encontros e afetos. Acredito que teremos um carnaval inesquecível, ainda mais porque será a retomada das ruas e da convivência social. Isso é o  que vai importar” (Rita Fernandes).

Conheça outras descobertas de Gabriel Versiani pelo Rio de Janeiro em outras edições da coluna Contexto Carioca aqui!

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