Ícone do site Portal Contexto

Capacitação elevou receita de PMEs em até 92,5%

Rodrigo Amora. Foto: Divulgação

Um levantamento consolidou dados de programas de capacitação realizados entre 2022 e 2025 e revelou que pequenas e médias empresas brasileiras que participaram dessas iniciativas tiveram um aumento de até 92,5 por cento em sua receita. O estudo também apontou uma ampliação de 67,3 por cento na base de clientes e uma maior taxa de inovação nesses negócios.

A análise, que deu origem a um artigo científico, foi conduzida pelo pesquisador Rodrigo Amora. O estudo consolidou dados secundários e avaliações independentes de programas regionais e nacionais, incluindo MEI UP em Santa Catarina, Chamada de Impacto no Mato Grosso, Brasil Mais Produtivo e Elas Empreendem, além de séries produzidas pelo Sebrae em parceria com a FGV e indicadores do Global Entrepreneurship Monitor.

No campo econômico, o mapeamento indica que 75 por cento dos negócios desenvolveram novos produtos ou serviços após o treinamento. Setores como comércio, serviços e indústria de pequeno porte se destacaram. Adicionalmente, 20 por cento dos microempreendedores individuais migraram de porte, tornando-se pequenas empresas, o que exige uma gestão mais sofisticada.

Sob o aspecto social, os impactos se refletiram na renda e na inclusão. Empreendedores formalizados registraram uma renda mensal média de 6.117 reais, valor quase três vezes superior à renda de 2.115 reais observada entre os informais. A formalização também facilitou o acesso a crédito bancário, participação em licitações e benefícios previdenciários. Programas com foco específico, como o Elas Empreendem, ampliaram a presença de mulheres de baixa renda, jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Casos regionais ilustram os resultados. No MEI UP, em Santa Catarina, a receita média mensal dos participantes passou de 4.739 reais para 9.122 reais, e o número de clientes atendidos subiu de 49 para 92. Em Mato Grosso, a Chamada de Impacto reuniu empreendedores em feiras comunitárias que movimentaram cerca de 7 mil reais em um único dia.

Na gestão dos negócios, os participantes reportaram um aumento de 39 por cento na autoavaliação de suas habilidades, com destaque para finanças, marketing, vendas e liderança. Também foram citados avanços em planejamento, precificação, controle de estoque e relacionamento com clientes, áreas diretamente ligadas à sobrevivência das empresas.

Rodrigo Amora explica que a qualificação não se traduz apenas em mais vendas, mas em melhores decisões. Compreender melhor o fluxo de caixa, saber negociar e organizar o processo comercial conferem mais previsibilidade e reduzem riscos. Esses ganhos administrativos ajudaram a reduzir falhas frequentemente apontadas como causa do fechamento precoce de PMEs.

O estudo também registrou a formação de redes de apoio entre pequenos empresários, que se mantiveram ativas mesmo após o término dos programas. Essa troca de experiências contribuiu para reduzir a insegurança e aumentou o bem-estar e a resiliência dos participantes.

O programa Brasil Mais Produtivo, de alcance nacional, envolveu 24 mil pequenas e médias indústrias entre 2020 e 2023. A iniciativa levou consultores técnicos diretamente às fábricas de setores como metalomecânico, alimentos e bebidas, e confecção, aplicando metodologias de melhoria contínua. O resultado foi um crescimento médio de 8 por cento na receita e de 22 por cento na produtividade, com avanços significativos em eficiência operacional e uso de recursos. Amora conclui que a capacitação é um fator crucial para superar o desafio da produtividade e aumentar a competitividade das pequenas e médias empresas no Brasil.

Sair da versão mobile