Aos 90 anos de idade, Álvaro Sampaio se despediu da vida, com a certeza de que o seu legado viverá para sempre e será honrado pela família Iatista. Ele foi um dos 11 que, em 1957, participou da reunião para debater o nascimento do Iate Clube de Brasília, um pedido do presidente Juscelino Kubitschek e um sonho para aqueles fundadores.
“Era uma época de muita seca e estávamos determinados a fazer um clube do jeito que a gente imaginava. (…) eu fui convidado para secretariar a reunião e anotar todas as providências necessárias para organizar juridicamente o Clube – uma sociedade civil por cotas, sem fins lucrativos ou políticos, com o objetivo de estimular e desenvolver os esportes náuticos entre seus associados”, afirmou Álvaro Alberto Sampaio.
A região hoje ocupada pelo Iate era “puro mato”. Brasília, segundo o fundador, era “poeira e progresso”. O olhar tranquilo de Álvaro viu o nascimento de um dos maiores bens do Iate. “(…) os rios e riachos represados, totalmente desavisados, continuavam a desaguar na barragem que um dia seria o Lago Paranoá”, relatou.
Em fevereiro, Sampaio esteve no Clube para uma entrevista, que gerou a matéria: ‘O olhar do fundador’, publicada na Revista Farol, número 99. Ele tanto fez que consolidou o Iate como uma instituição “respeitada e grande”, nas palavras do ex-comodoro Ennius Muniz em 1997 e publicado no boletim semanal n⁰ 588.
Álvaro Sampaio sabia bem que para viabilizar a convivência ordenada e para que o Iate Clube alcançasse a grandeza reconhecida anos depois da fundação pelo patrono JK era preciso criar normas.
E como disse em fevereiro, ao mostrar o estatuto que ele carregava, grande parte das palavras do documento foram dele. Sampaio reconheceu que o Estatuto Clube era o seu maior legado, um grande presente deixado para cada sócio do Iate.
Além das normas, Sampaio também faz parte da história da vela do Iate. Na classe pinguim, o fundador disputou inúmeras provas e, mais tarde, daria nome a um dos torneios realizados pelo seu amado Clube.
Sampaio fundou e viveu o dia a dia do Iate. Foi presença certa em eventos sociais e nas posses das novas gestões. Como conselheiro, acompanhou o crescimento e a evolução da sua própria criação. A exemplo disso, em 1993, ele elogiou as inaugurações feitas, pois elas melhoraram o Clube e enriqueceram o patrimônio dos sócios.
Naquele ano, Sampaio foi o presidente da Comissão de Revisão do Estatuto, que teve a missão de atualizar as normas, ajustando-as aos tempos. Entendedor das leis e regras, coube ao fundador também ocupar a cadeira de presidente da Comissão Eleitoral.
Álvaro Sampaio, fundador, benemérito, velejador um nome que estará para sempre na história de Brasília e do Iate Clube. Seu último desejo era ser cremado e ter as cinzas espalhadas por um dos amores que teve em vida, e a partir de agora, que cada sócio da tradicional instituição siga honrando e celebrando a obra de Sampaio.