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A volta do futebol no Brasil é segura?

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O jogador Bruno Henrique, da SE Palmeiras, durante treinamento, na Academia de Futebol. Foto: Cesar Greco/Fotos Públicas

A bola voltou a rolar nos campos brasileiros, mas até que ponto esse retorno do futebol pode ser considerado seguro?

Apesar dos números de contaminados pela covid-19 seguirem crescendo em todo o país, muitas federações já liberaram a volta dos campeonatos estaduais. No Rio de Janeiro, o Flamengo se consagrou campeão do estadual em um estádio vazio. Em São Paulo, o retorno será marcado com o clássico Corinthians e Palmeiras. A Libertadores da América já divulgou novo calendário e jogos voltam em setembro. No entanto, fica a pergunta: a volta do futebol é segura?

Mesmo com portões fechados, a realização dos jogos envolvem a participação de pessoas além dos jogadores e técnicos. Fora dos estádios, o futebol brasileiro sempre foi um foco de aglomeração seja em bares ou nas casas. Outro ponto é o exemplo: a prática de esportes coletivos não está liberada em várias partes do país.

O médico e vice-presidente da Cooperativa de Atendimento Pré-Hospitalar de Fortaleza (Coaph), Valderi Júnior, lembra que o futebol ou outros esportes abrem a porta para a aglomeração das pessoas. Ele reforça a covid-19 é uma doença nova e “uma das únicas certezas que se tem sobre ela é: nós não podemos aglomerar as pessoas”.  

Assim, o encontro com os amigos, em qualquer lugar, para ver o time querido, deve ser evitado. O médico relembra os cuidados necessários neste período de pandemia: “manter o distanciamento social e a higiene própria, a lavagem das mãos e uso de álcool gel e a etiqueta respiratória. Se possível, a testagem das pessoas”.

 

Jogadores do Bahia fazem o teste de covid-19. Felipe Oliveira / EC Bahia / Fotos Públicas

O que diz a CBF?

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) criou uma Comissão Médica Especial para desenvolver estudos e elaborar um protocolo com critérios científicos para orientar os clubes no retorno aos treinos e competições. Essa comissão, que inclui nomes como o dr. Clóvis Arns, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), criou um Guia Médico com recomendações para o retorno das atividades. O documento foi compartilhado com todas as federações.

O guia traz informações sobre o coronavírus, explicando quais os testes disponíveis e quais as fases da epidemia. Entre as recomendações feitas aos clubes estão: as conhecidas, como lavagem das mãos, manter a etiqueta respiratória, não cumprimentar as pessoas com o aperto de mão. Além destas, o documento sugere aos técnicos realizar as reuniões em locais abertos e que possibilitem a distância, de pelo menos um metro, entre as pessoas.

O retorno aos gramados é um plano que tem cinco fases: preliminar, treinos individuais, treinos coletivos, competições e acompanhamento.

Cada fase exige uma série de ações para garantir a segurança e saúde de todas os pessoas ligadas ao esporte. Em geral, todos os atletas e envolvidos devem ser acompanhados por médicos. Assim, eles precisam responder aos questionários epidemiológicos, ter a temperatura aferida frequentemente, além da realização dos testes para a covid-19.

Avaliação do especialista

Foto: dr. Valderi Júnior

Mesmo com os controles adotados presentes no guia da CBF, os riscos de transmissibilidade ainda existem. A transmissão do coronavírus é feita através de gotículas e a proximidade dos jogadores nos treinos e nas partidas pode favorecer o vírus. 

Outro ponto importante, o jogador, inclusive se ele que tenha tido a doença, pode “ainda carrear a doença mecanicamente, ou seja, tocando em locais onde existe a presença do vírus e carreando esse vírus para casa, se ele não tomar as medidas compatíveis”, explica o médico.

Além das mãos, e por isso a necessidade da frequente higienização, o vice-presidente da Coaph ainda afirma que as roupas também podem funcionar como vetor para o coronavírus. Dessa forma, os atletas precisam manter toda a atenção para não levar o vírus para a casa e contaminar as famílias.

“Quando se libera bares, restaurantes e o próprio futebol, você está colocando fatores, que já são sabidos, que podem aumentar a quantidade de casos por conta da contaminação mesmo por conta do distanciamento social que não é observado. Existe a possibilidade de termos uma disparada no número de casos. Então, é importante que se tenha muita responsabilidade na hora desta reabertura tanto dos governantes quanto da população”, alerta o médico.

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